sábado, 7 de março de 2015

Autenticidade.


 Bebê rinoceronte órfã imitando um cordeirinho. Biologicamente como esse pequeno rinoceronte fomos feitos para o mimetismo, por outro lado o ser humano é o animal com maior capacidade transgressora sobre a própria natureza.

 "Autenticidade é o lugar mais confortável que existe." - Rivaldo Giancotti

Quanto mais seguirmos sem massa crítica mais seremos esmagados e manipulados por interesses de uma minoria detentora do poder. O desejo de pertencer a um grupo e o medo da solidão é comum a todos, problemática é a homogeneização das opiniões. Futebol, memes, festa do Oscar, comoções públicas em sua maioria são drogas distrativas.
Adaptar-se é curvar-se, anulando nossa incrível capacidade de transcender.

"Numa sociedade primitiva o grupo é pequeno; consiste daqueles com que alguém compartilha do sangue e do solo. Com o desenvolvimento crescente da cultura, o grupo amplia-se; consta dos cidadãos de uma polis, dos cidadãos de um grande estado, dos membros de uma igreja. Mesmo o pobre romano sentia orgulho de poder dizer: “civis romanus sum”; Roma e o Império eram sua família, seu lar, seu mundo. Também na sociedade ocidental contemporânea, a união com o grupo é o modo predominante de superar a separação. É uma união em que o ser individual desaparece em ampla escala, em que o alvo é pertencer ao rebanho. Se sou como todos os mais, se não tenho sentimentos ou pensamentos que me façam diferentes, se estou em conformidade com os costumes, idéias, vestes, padrões do grupo, estou salvo; salvei-me da terrível experiência da solidão. Os sistemas ditatoriais utilizam ameaças e terror para levar a essa conformidade; os países democráticos usam a sugestão e a propaganda. Há, na verdade, uma grande diferença entre os dois sistemas. Nas democracias, o não-conformismo é possível e, de fato, não está de modo algum inteiramente ausente; nos sistemas totalitários, só uns poucos e insólitos heróis e mártires podem ser considerados capazes de recusar obediência. Apesar, entretanto, de tal diferença, as sociedades democráticas mostram esmagador grau de conformismo. A razão está no fato de que é preciso haver uma resposta ao anseio de união e, se não houver outro meio melhor, então a união da conformidade no rebanho se torna a predominante. Só se pode compreender a força do medo de ser diferente, do medo de estar que poucos passos fora do rebanho, quando se compreendem as profundidades da necessidade de não ser separado. Ás vezes, esse medo do não-conformismo é racionalizado como temor a perigos reais que podem ameaçar a não-conformista. Mas, na realidade, as pessoas querem conformar-se em grau muito mais alto do que são forçadas a conformar-se, pelo menos nas democracias ocidentais.”

(Erich Fromm - "A arte de amar")

sábado, 27 de dezembro de 2014

Sequestradores de conversa.

Não me excluo do comportamento que descreverei a seguir, mas isso não me impede de refletir sobre ele.

Gosto de ouvir e ser ouvida, gosto demais. Não gosto de sequestradores.

Os sequestradores de conversa não estão nem te ouvindo e nem falando em primeira pessoa de si.
Escolhi o termo sequestro pois é exatamente isso que fazem, pegam a sua fala, da sua experiência e supõe algum sentimento/ação por trás do que você disse, afirmando diretamente ou indiretamente que você sente-se de tal modo. Geralmente esse sentimento ou ação pertencem ao próprio sequestrador, é bem comum também o sequestrador ter certa necessidade de controle sobre o outro.
Não há questões, só verdades e suposições.

Imagino que a pessoa o faça por acreditar que há identificação entre o que você está contando  e o que ela sente, assim passa a comparar-se, e acreditar que existe um paralelo entre o que você conta e a historia de vida da pessoa. Não fazem perguntas, já tem respostas prontas mesmo sem intimidade. Esquecem, ou talvez nem saibam, das diferenças que fazem cada indivíduo único em sua história.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Cameron Diaz faz campanha pelos pelos. Caem os acentos mas não caem os pelos!
A marca American Apparel, que já deu mancadas feias com o público plus size, cria vitrine com manequins com pelos pubianos vastos.

Esses são alguns pontos do excelente artigo do Guardião (tradução livre)

Agora minha opinião, sobre meus pelos: não tenho nenhuma vontade de falar o que faço ou não com eles, sabe o porquê? Pelo mesmo princípio que o corpo do outro não é meu. Vou repetir porque é comum esquecermos, o corpo do outro não é meu.
Então não vejo porque justificar sobre a falta ou a depilação do meu, não seu, corpo.

Se a pessoa se depila,apara ou cultiva, problema é dela! Livre arbítrio para todos!

Ouvi por aí, de bocas femininas que homens tem que se depilar. A pressão sobre a gente é uma barra, se você exige que os caras se depilem, aumenta mais a sensação de "obrigação" com a nossa depilação, que atualmente é quase completa por influência da indústria pornô.

Buscar liberdade é eliminar opressão, não contribuir.

Sobre higiene, se pelos são nojentos, devíamos raspar o cabelo.

Resumo tudo o que penso assim: mais segurança com o próprio corpo e menos possesividade com o do outro. 


Artigo do Guardião: http://www.theguardian.com/commentisfree/2014/jan/19/year-of-the-bush-female-body-hair-cameron-diaz-pubic

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Pedaços



Emendo os pedaços soltos,

Encaixam-se naturalmente.

Os perdi sem notar falta.

Desencaminhado de mim mesma.



Os perdi sem notar falta.

Emendo os pedaços soltos,

Encaixam-se naturalmente.

Desencaminhado de mim mesma.



Desencaminhado de mim mesma.

Emendo os pedaços soltos,

Os perdi sem notar falta.

Encaixam-se naturalmente.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Quadrinho em parceria com Bruno Pereira

Texto e conceito: Bruno Pereira, ilustração Paola Perazza.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Olhos no lugar do cérebro.



Fonte da imagem.
Quase me lasquei por ser só olhos, nunca me lasquei por ser só ouvidos, voz, tinta, um corpo dançante ou emoção ao escrever, essa entrega que a arte pede nunca tinha me posto a perigo.
... na verdade já... Mas enfim,  esqueço por que não quero aprender.

Havia pássaros descansando no cabo elétrico, não era bem isso, mas o que meus olhos interpretaram. Dez crianças ao todo, sentadas no meio fio, cena linda, lá no Brás. Tirei uma foto do celular, então uma mãe ensandecida começou a me xingar de tudo o que é nome “Sua puta, fica tirando foto do meu filho, arrombada...” Vou poupar-lhes dos elogios que recebi da senhora. Uhu, sai de fininho, pediria desculpas, mas devido às circunstâncias (uma leoa querendo me caçar) me empirulitei. Cheguei à conclusão que fotografia é a mais perigosa das artes e só agora minha razão reverbera sobre ética.

A foto? Por razões éticas não posso mostrar, mas fica a história que espero que termine aqui, afinal passo todo dia por aquela rua. Glup.

domingo, 11 de março de 2012

Vulnerabilidade



E aí que sou uma vulnerável e não é nem o tipo de coisa que preciso dizer, os olhos dizem muito, sabe, igual esse vídeo da Tracy, ela diz tanto com os olhos, transparentes, falantes, pensantes, ela olha para o público parece pensar neles, na apresentação, depois ela olha pra dentro dela, no que está dizendo, parece refletir e reflete em brilho pra gente, sem máscara. Não me canso de assistir, é apaixonante.

A coisa mais linda que quero ver no outro é isso, esquece a fala, todo o discurso, os artifícios, esquece a roupa, esquece tudo, fica só a essência, essa tal de vulnerabilidade.

E aí, relaciono a necessidade de criar um poema, um vídeo, uma foto, um desenho com esse papo. Criar é uma dúvida que não busca resposta, vejo o artista como um vulnerável, por necessidade.

Mas e cabe? Não, não cabe. Admirável, em um conceito generalizado, é ser forte, sem dor, sem fraqueza. Ser vulnerável é se bobo, o perdedor.

 Eu não caibo e nem quero caber.

sábado, 14 de janeiro de 2012

A moda é reflexo do momento social presente.


Seminua

A tendência de moda “seminua” começou em 2008, 2009 mais ou menos, a Europa passou e atualmente ainda passa por verões muito mais quentes que o comum, então marcas tradicionais como a Chanel diminuíram os comprimentos, focados em lucrar com a nova necessidade de mercado; nós elite brasileira os copiamos, o que denota um paradoxo, já que nosso país sempre teve temperaturas muito mais altas que as europeias. Nos estados brasileiros mais quentes é comum vestir pouca roupa, o que é confortável e condizente ao clima, porém, como nossa moda é extremamente elitizada e quem é da elite costuma só enxergar seu microambiente perguntam: “Por que as mulheres estão cada vez mais peladas?” sem se dar conta que a maioria das mulheres brasileiras antes da Chanel lançar micro comprimentos já os usava. Em cidades como São Paulo, usar mini shorts não era tão comum como é agora, mesmo nos verões mais quentes. Somos o estado mais plagiador de costumes estrangeiros, se lá não era tendência, logo aqui era ”proibido”. 

Vestido Bandage
 Volto o foco na elite, o comprimento das roupas não só diminuiu como também está mais colado a pele, o vestido que mais faz sucesso nas baladas é o modelo Bandage, criação de Herve Leger's tendência em alta há alguns anos com milhares de cópias. Como podem ver na foto é praticamente succionado o reflexo do presente momento de extremo culto ao corpo, moldado por cirurgias e academias em busca de um corpo que custa fisicamente, psicologicamente e financeiramente caro. Enquanto Maria Antonieta se diferenciava da plebe criando vestidos e adornos inacessíveis, a elite atual se diferencia exibindo corpos esculturais, sendo este  um dos motivos do vestido Bandage fazer tanto sucesso nos red carpets usados por representantes da “nova aristocracia”,  as celebridades.  E como conseqüência  natural do fluxo da moda, o que é sucesso nas baladas freqüentadas pela burguesia, chega nas classes mais baixas de forma desatualizada.


Transparência
Dando continuidade a essa pegada seminua, as rendas e transparências agora são o novo hit fashion. Blusas de renda usadas com lingerie amostra, blusa branca com sutiã preto, saias transparentes, etc.






Androginia

Calça saruel

Em paralelo a volta da androginia, que é marcada por peças masculinas como o sapato oxford e peças soltas que não marcam o corpo como por exemplo a calça saruel.  Apesar da moda seminua atual ser permeada por diversas razões já citadas equiparo-a  tendência andrógina,  mesmo sendo esteticamente opostas. Ambas representam o diálogo da liberdade feminina.



Ombreiras largas, anos 80
Visual masculino atual
 A partir do ingresso da mulher no mercado de trabalho na década de 40, essa passou a se apropriar de elementos do guarda roupa masculino em busca de igualdade. Por exemplo, o tailleur e a adoção de calças; já nos anos 80 a mulher conquista melhores cargos e novamente masculiniza seu guarda roupa, adicionando largas ombreiras.  Não vejo a atual androginia como busca de masculinidade, mas de igualdade, por diversas razões e uma delas é o fato dessas roupas sempre serem largas, “desacinturadas”.

Tailleur, anos 40


 Dizer que a androginia representa a mesma liberdade que o seminudismo, é esteticamente contraditória, porém ideologicamente igualitária por seu objetivo em comum a liberdade, enquanto o seminudismo representa a libertação sexual, a androginia representa a negação de ser apenas um objeto sexual. É interessante observar  que existe um diálogo subjetivo entre essas duas tendências.





quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Mudança


    Tive um momento de super sinceridade com um desconhecido, chamou-me de gostosa e fiz um discurso feminista. No papo ele empatizou e humanizou; não verbalizando se concordava ou não, primeiro se fez de louco e depois justificou: “Acontece que sou baiano”. Eu ri, e fiquei explicando que as mulheres não gostam de serem abordadas dessa forma na rua, que se eu fosse a irmã dele, a filha, a mãe, que ele devia pensar nelas antes de mexer com as mulheres. No fim da conversa ele disse que eu era muito comunicativa e doce e no meio do papo também falou que ele era um “tipo de não se jogar fora” fazendo cena. Não sei que resultado tem uma conversa dessas, cada um de nós é uma grande história, não sei, nem nunca vou saber o que se passa na cabeça e na vida dele, com ou sem êxito fui um grãozinho da mudança que quero para o mundo.
    Que mudança? Respeito, só isso. Não vejo problema em ser desejada, imageticamente sexualizada, desde que meu espaço não seja invadido sem consentimento. Quero poder andar de hot pants (a imagem da foto) se o cara se masturbar pensando nessa imagem é de foro íntimo, mas masturbar-se verbalmente e em público, é agressão sim.
   Ouço coisas muito piores que “gostosa”, muito, muito piores, eu até podia contar do cara de ontem que fez gestos e disse absurdos, mas deixa para lá, o que quis contar foi à boa e leve história de hoje. 



segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Despedida


Sempre estou a me despedir de mim própria para acolher novidades.

A despedida se torna dolorosa quando não consigo transforma-la em soma.
E quando somo, não é estado de adeus nem de boas vindas, o que fica é o que sempre fui, mas não cabia.


E para caber tenho que ser grande. 

Fonte das imagens: http://silhouettemasterpiecetheatre.com/

sábado, 6 de agosto de 2011

Miscelânea

Um apanhado de trechos lidos hoje cedo.

" O direito à história faz parte da agenda democrática. Os povos e as pessoas se constroem narrando suas vidas. É através do reconto interminável  que lhe aconteceu no tempo que povos e pessoas ganham existência" Joel Rufino dos Santos

" O que adianta uma boca grande e um coração pequeno? Nunca diga que faz se não o faz."
"Tenha amigos, se não tem, seja. Eles virão"
 Sérgio Vaz

"Um bom falante é aquele que se adapta aos seus ouvintes" José Luiz Fiorin

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Pessoa. 

Ler Alberto Caeiro ou Fernando Pessoa; nesta minha fase que intitulo de limbo medíocre; sobre o não pensar foi um encontro. Alguns trechos.

"O mundo não se fez para pensarmos nele (pensar é estar doente dos olhos) mas para olharmos para ele e estarmos de acordo."

"Eu não tenho filosofia, tenho sentidos."

"Mas eu nem sempre quero ser feliz. É preciso ser de vez em quando infeliz para se poder ser natural."

" O essencial é saber ver, saber ver sem estar a pensar, saber ver quando se vê e nem pensar quando se vê, nem ver quando se pensa"

"Acho tão natural que não se pense. Que me ponho a rir às vezes, sozinho. Não sei bem de quê, mas é de qualquer cousa. Que tem que ver com haver gente que pensa..."

" Procuro despir-me do que aprendi, procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram, é raspar a tinta com que me pintaram os sentidos, desencaixotar as minhas emoções verdadeiras, desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Caeiro, mas um animal humano que a natureza produziu."

Alberto Caeiro uma das Pessoas de Fernando.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Paralelo

Texto meu, só não quis assinar pq achei que assasinaria o contexto.

sábado, 18 de junho de 2011

A queda



Plumava pelo ar em alta velocidade, meu barato velocittá. Sobre as rodas deslizava, pensava ser de aço.
Então apareceu à vala pedindo para ser desafiada. Voei alto, me senti planando no ar. Acordei do meu milésimo de segundo inconsciente; o corpo havia desligado a máquina de pensar, sobrou o instinto para me dar força física, com as mãos apoiadas no chão como quem faz flexões, meu nariz a um dedo do solo.

Não voeicai.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Não vibro com clichê, nem com a extrema fantasia, gosto do real com um pouco de poesia.

  Leila, 54 anos foi a um programa de televisão contar sua história de amor, com direito a reencontro 30 anos depois do romance.

  No show televisivo,  Leila sentada no sofá da apresentadora loira, contava sua história, enquanto isso o telão mostrava a viagem até a cidade onde o amor da sua vida vivia, tudo acompanhado de muita música popular romântica.
  Quando a TV decide mostrar uma história real, geralmente é para explorar as mazelas ou fantasiar dando o final desejado pelo mainstream. Porém a história de Leila chamou atenção, não por ser diferente de muitas histórias, mas por sua simplicidade e realidade, simples demais para TV, real demais para os padrões.

  Aos 24 anos conheceu Sergio,  motorista de caminhão, ela casada, mãe de quatro filhos. Sem pudor, Leila contou que adorava ir ao motel com o amante e quando se viam soltavam faísca. O romance durou um ano, na época ele dizia que assumiria seus filhos, mas ela achou melhor continuar com o marido, teve medo de se separar, pensou nos filhos, achou que seria melhor se crescessem com o pai. Desistiu desse amor, mas nunca o esqueceu, disse pensar nele todos os dias e que o amor não havia acabado. Com muita calma, contou que o marido sabia do amante e a perdoou, tudo muito comum, mas pouco contado na ficção popular, cinema, novelas.

  Na TV uma história real, simples, de amor, sexo e traição contada com essa naturalidade, sem o enfeite da ficção e sem repressão. A apresentadora não fez perguntas tendenciosas nem Dona Leila parecia culpada. Chegou a dizer que na época se sentia mal, mas atualmente pensava o seguinte, que sua mãe havia imposto muitos moralismos e de tanto moralismo deixou de viver, que moralismo só atrapalha a vida. Simples, lúcida.
  Enquanto assistia, pensava; isso não deve estar dando a menor audiência, muito comum e ao mesmo tempo um tema pouco explorado dessa maneira: “Olha essa é a vida, pessoas traem, perdoam, o mundo não acaba por isso.” A história foi contada como documentário, muita música, imagem de estrada, da vida de Leila, refinado demais para quem gosta do padrão e popular demais para elite.  Nem um pouco clichê. Não era como a realidade do cinema Europeu, real e refinado, nem popular e tendencioso como programa do Ratinho, Gimenez, Fantástico que ao contar histórias reais sempre frisam o preto e branco, o certo e o errado.

  Vibrei com toda aquela realidade, sem enfeite, sem alienação, sem julgamento.

  O desfecho da história? Tão comum quanto seu desenrolar, ao se encontrar com Sergio, este repetiu cinco vezes durante a conversa que não se lembrava de Leila, que não lembrava nada do passado e nem queria lembrar, quando ela disse que não tinha ido lá com esperanças de romance ele disse “ainda bem!” e com gosto. Ela chorou um pouco, mas aceitou a rejeição.  No palco, a apresentadora loira a confortou e deu um beijo em cada um dos olhos. O programa? Hebe.

  Costumo dizer “amor não acaba” a história da Leila põe um adendo na frase: amor não tem que ser correspondido para nunca acabar, mesmo que seja para um só. 

terça-feira, 19 de abril de 2011

Amizade

O que prova uma amizade? A saudade com ausência de ansiedade.

A firmeza de que esta não se solta é tão certa que nunca se afirma.

Em teoria nada disso se prova.

Só em silêncio e poesia.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Engano


Resolvi ser um pouco da sociedade, essa coisa de autenticidade é o maior dos autoenganos. Aniquiladora de fantasias, fadada de comodismo. Tão esperta por rir da própria mentira, de mãos com a ironia, gargalhei com o sarcasmo.

 Até chorar.

Senti falta da mentira, quis recuperar meus autoenganos. Por que nem todo dia tem cores que só meus olhos podem imaginar. É na mentira que me alegro.

É preciso um pouco de fantasia para sorrir o necessário.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Rocha metamórfica

A epifania:

De repente depois do agito paro. 
Transformo-me em música, sou o som metamórfico para poesia, 
Carrego minhas tintas e tudo tem cor, a voz sai bonita 
Converso simpática, como quem eu mesma nunca me vi. 
E depois mudo para pedra, parada, com musgo, gelada, na corredeira da serra. 
Essa não faz nada, só pode ser pedra, quieta, não dança, não treme nem geme. 
E de ser pedra entendo, do mesmo modo que sei ser gente, por que posso ser todas essas coisas. Até gato, quando brinco com o gato. 
E todas escrevem aqui, como múltiplas de mim. 
Sem razão alguma. Como tinta que se joga no papel e forma que não sabe o que quer ser e vira rosto de menina. 

O diagnóstico: 

Já sei a doença que tenho, eu mesma diagnostiquei, são problemas de vazão, como o sangue que entope a veia; minha criatividade se não é usada, fica presa entupindo meu ser, aí viro pedra, por que não dá para ser melhor que pedra, só pedra serve. 
A pedra observa e só ecoa o outro, pedra não tem ego, só experimenta, só quer ser espelho do outro. Eu deixo, deixo você se exibir, não é por medo nem por a falta da estima, mas por experimento, para te conhecer, tem jeito melhor de te conhecer do que colocar um espelho? Quem paga para ver, não pede o dinheiro de volta. E não reclamo, se for merda o que você tiver, atira, eu assisto! Se for beleza, a gente junta as nossas em retalho. Não tem jeito mais estranho e cristalino de conhecer as pessoas, idiossincrasia, coisa minha. 
Aí me chamam de pedra. E vocês que usam essas caixas na cabeça com dois pequenos buracos que os olhos mal que vêem? Todos iguais, ressentidos, enrustidos, cheios de desconfiança. Mas que desconfiança! Eu confio, confio no seu lado merda, eu desmistifico, eu entendi que você é assim por seus traumas, e vejo como era quando riam de você na escola, não, essa não sou eu, é você, sou eu, em você. Sabe? Mas aí desse mundo todo, você jogou fora sua empatia. Mas eu fiquei com a minha, com vontade de te afagar. Um abraço serve?

domingo, 3 de abril de 2011

Careta

Essa sou eu, devolvendo caretas bem feias para a careta que o mundo me deu

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Mude de aporrinhações


Sugiro que você mude. Mude de país, de casa, de emprego, a aparência e a profissão, termine o namoro, troque o guarda-roupa, as ideologias, a religião.
“Mude minha filha e que seja por novas aporrinhações” disse minha sábia mãe hoje de manhã. “A vida sempre pede recomeços e reinvenções.”
Mudo por prazer ou por evolução.
Quando mudo, não só as coisas boas se transformam, as encrencas variam junto, tão novas quanto às alegrias e também devem ser bem-vindas.
Mudo para ter o fácil, mas o difícil caminha junto, quando não rouba todo o espaço.
Vou inovar, a partir de agora não mudo mais de vida. Mudo de aporrinhações.
E de todo esse avesso, não vai ser só o bom que vai virar ruim.
Desejo novos problemas, retiro a expectativa do prazer.
Se o porre era sempre o brinde, agora virá trocado.


Que a mudança me venha inteira, cheia de aporrinhações


sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Status é uma prisão da mesma forma que são as regras de moda.

Moda é status, se o solado do seu sapato é vermelho, representa que tem dinheiro para um Laboutin que custa em média US$ 3.000; se for preto pode ser de qualquer outra marca.  Existe beleza, tradição, sonho, fantasia e qualidade atrás da marcas, são os argumentos de grifes e clientes. O que possuem em comum o solado preto da marca MadeinChina e o solado vermelho Laboutin? São sapatos e possuem a mesma função. 

Já andei diversas vezes na Oscar Freire; para quem não é de São Paulo, é uma das ruas mais chiques e grifadas da cidade. Largada: de mochila, cara lavada, cabelo preso e havaianas no pé e  fina: montada na produção, maquiagem e acessórios.

O caminho habitual, no tempo que trabalhei lá era: começo da Oscar Freire quando cruza com a Rebouças, até a Lorena, então eu virava e subia a Av. Paulista até o metrô. (é gosto de andar).

Nos meus dias comuns, vestida displicentemente, os donos da grana; identificáveis por sua vestimenta; eram indiferentes a mim, não me olhavam nos olhos. Sem meus apetrechos da tribo, não existia, era desinteressante. Já bem vestida e aprumada era olhada nos olhos.

Porém os manobristas, seguranças e motoboys dos restaurantes, sempre me viam , independente da produção de moda. Eu não deixava de existir por estar menos ou mais arrumada. A única diferença é que quando estava mais emperequetada eles olhavam sem conversar ou paquerar e quando eu estava displicente me diziam oi, boa noite, etc.

No post: moda de rua, reflexão sobre um comportamento, comparei mulheres que tem muita informação de moda com as que desconhecem qualquer cartilha. Minha conclusão foi que quem lê revistas da área fica presa a certos tipos de roupa por medo de errar, enquanto as desinformadas do assunto ousam ao exibir o corpo, sem vergonha, sem pudor, o que as tornam muito mais livres do que quem possui informação,  geralmente as “bem informadas” são de classes sociais privilegiadas financeiramente, enquanto as “desinformadas” são mais pobres.

No caso do olhar masculino sobre a mulher que usa ou não os adereços de determinado grupo, percebo que os que dão importância aos significados do vestir, novamente perdem, assim como as mulheres informadas sobre moda. Perdem por não enxergarem outros seres humanos, por precisarem de elementos visuais para empatizar. Enquanto os homens de classe social menos favorecida, sempre enxergam a mulher, vestida como uma árvore de natal ou simples com suas havaianas.

Você tem laços?

Você tem laços? 
Família, laço que começa no umbigo.
Que pode ser cortado ou mantido.
Amigos, laços construídos em espelhos que lembram umbigos. 
De apertar e afrouxar.
Bem vindos são os longos silêncios
E invasões de elogios 
Complementos
Meus pedaços feitos de laços. 
Se o nó pensa que é laço, deixa que desfaço.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Reflexão sobre a moda

“Como é importante estar na moda. A primeira vista, parece uma forma de diferenciação pessoal. Mas, de fato, não o é. Aqueles que andam na moda nada mais são do que adestrados no preparo de coquetéis identitários com todos os ingredientes recomendados. Ingredientes recomendados são aqueles reconhecidos pela massa fashion sem muito esforço e, portanto, em sua essência, sem diferenciação. Estar na moda é não causar estranheza ao grupo. É maior garantia de ser aceito pelo gueto. Seria a moda um ritual de aceitação ao bando?”

Por: Pierre Poisson Puant  / Twitter: @PierrePuant

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Mãos


Tenho uma tradição estranha, para medir o quanto conheço alguém penso se lembro ou não de suas mãos, quanto mais detalhes recordo, mais conheço a pessoa. Por que apesar de gostar de mãos, não é uma coisa que reparo tanto, talvez um pouco mais que a maioria, mas é difícil guardar a aparência da mão de um estranho ou de uma amizade de apenas um ano; por mais querida que seja a pessoa.


Mãos mais do que rostos, são minha referência por que rostos são óbvios a gente sempre olha para o rosto, frente a frente em detalhes, agora as mãos são discretas não pedem atenção para si, só se nota a mão de alguém com tempo e intimidade.

Algumas lembro detalhadamente,  dedos,  formato de unha, se é com ou sem cutícula, roída ou não,  a textura, o tamanho da palma, as veias, cicatrizes e até as pintas; a intensidade das lembranças é de acordo com o grau de proximidade.

Mãos também são a lembrança de duas pessoas muito queridas, meu pai e minha mãe, meus dedos e formato de unha são muito parecidos com os de minha mãe e a palma larga me lembra meu pai, penso que quando eles se forem terei sempre esse pedaço para observar, em minhas próprias mãos

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Com e pré conceito.

  Culturalmente, existem pré conceitos, como por exemplo, “A solidão é terrível e avassaladora”, “A felicidade só pode ser construída a dois”, “Homens não usam saias” ou até “ Você tem que ser feliz". Esses são alguns que ouvimos e conhecemos, além de milhões de outros. Conceito é uma idéia a respeito de algo.

Seguimos padrões, somos miméticos, copiamos nossos pais e depois os colegas da escola, assim por diante; todos estes nos passam conceitos, idéias a respeito do mundo. Como por exemplo, “O bom da vida é ter um tênis de R$ 600,00 da Nike” essa idéia pode estar presente em uma escola de classe média.

Todos temos pré conceitos, o mesmo que preconceito; sobre o que esse texto trata: o julgamento de uma situação a partir das MINHAS idéias, que em maioria não são MINHAS exatamente por não terem sido desenvolvidas por mim e sim por minha cultura, algumas boas e outras que devem ser questionadas. Ter preconceitos não é negativo, é inerente ao humano,  improdutiva é toda ação baseada em um conceito que contenha o ato de desrespeito e violência,  prejudicial ao progresso intelectual da sociedade.

Por exemplo, você acredita que seu namorado não pode usar saia, isso não é um desrespeito, mas uma preferência. Preferência criada a partir do conceito, homens não usam saias e você não mora na Escócia, isto também é preconceito, surgido através dessa preferência-conceito.

Cada cultura tem conceitos diferentes, ao interpretar uma frase, um texto, questione que conceitos o autor utilizou, o mundo não é um quadrado pequeno onde todos pensam iguais.

 E por que as pessoas não saem do quadradinho? Por que é desconfortável ser diferente, é mais fácil ser igual, já somos seres tão inseguros por não sabermos nosso destino após a morte, ser igual é muito confortável.  Não sou avessa a se apegar a valores culturais, eu mesma tenho os meus, é cômodo, entendo quem precisa destes, são muletas a nossa falta de coragem de sermos livres.  O que incomoda é o desrespeito a quem é livre, por exemplo, a homossexualidade perturba muito a sociedade, por questionar em forma de ação nossos conceitos,  não haveria nenhum motivo de incomodo se os valores fossem VERDADES ABSOLUTAS,  mas não são e por isso tanta gente intolera homossexuais, estes provam que não existe nenhuma verdade que não possa ser transgredida.

"O homem civilizado trocou a parcela de suas possibilidades de felicidade por uma parcela de segurança" - Freud

Outro exemplo de conceito, tenho um bem pessoal  sobre a solitude, posso defini-la em uma frase: "Estou só, me sinto só a maior parte do tempo". Essa pode ser interpretada como "Ih, o marido a largou" ou então "Tá sem amigos! Coitada!". O conceito utilizado por mim nessa frase não tem nada a ver com essas interpretações simplórias, me sinto só, por que quem decide a respeito da minha vida sou eu! Desde os sapatos que vou calçar, se escolho trabalhar para uma empresa, se xingo ou não o cara que me empurrou no metrô; se bebo ou se fumo,  se pago ou não a conta de luz,  meus amigos não podem decidir isso por mim, nem minha família, nem meu marido; estou só e estar só neste conceito é ser responsável por mim, assumir-me e perceber-me.

Exato!  - "...as cortinas transparentes não revelam o que é solitude, o que é solidão...
Lobão. 

Não é necessário entender o conceito do outro, não espero isso de ninguém, seria muita presunção imaginar que todos vão ler minhas frases e entender o contexto em que me baseie,  o importante é  ter  percepção da variedade de conceitos, saber que o outro pode ter uma  visão de mundo diferente da sua, um contexto fora do seu,  isso já é um grande caminho para evitar conflitos e para crescer intelectualmente, questionando, tentando entender uma poesia de Fernando Pessoa, se aprofundando nas frases dos autores que citei aqui, por exemplo. Ter consciência que cada um tem uma visão,  dar a oportunidade da dúvida.  Isso é respeito.

Cortante! - “Humildade é o que acontece quando você se contextualiza.” Rodrigo Rocha Braga.

O que é verde-água para mim, pode ser azul para você. Enxergar o outro com os seus conceitos não é  VER o outro... 

O grande final:

"Ser empático é ver o mundo com os olhos do outro, e não ver o seu mundo refletido nos olhos dele". Carl Rogers.

Se você gostou desse texto vai se encontrar nesse: http://papodehomem.com.br/o-habito-de-julgar-e-rotular-pessoas-pode-matar/ Perfeito!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Longe do Paraíso.

Longe do Paraíso.
2002

Julianne Moore magistral, a película consegue reunir excelente fotografia, ótimas atuações e temas fortes, preconceito racial e sexual.

O filme se passa em um cenário típico de outono, folhagens  avermelhadas, alaranjadas e o verde das copas;  muito interessante a sincronia entre fotografia e figurino, os tons da paisagem se repetem nos vestidos das personagens, camadas de ton sur tons, no clima anos 50, um show de moda, linda cartela de cores. A personagem principal usa azul apenas uma vez no filme, a maioria das cenas ela está em composé com a estação outonal, tudo muito pensado e agradável.

Não tem como não relacionar “Longe do Paraíso” com o ótimo “Pelo direito de amar” também com Julianne Moore,  o primeiro se passa na década de 50, enquanto o segundo na década de 60  como características em comum, o colorido da moda e outro paralelo, ambos tocam no tema homossexualidade masculina, focalizando a repressão vivida nesses tempos.

Para entender o mundo é preciso conhecimento histórico e estes são ótimos retratos de uma sociedade hipócrita que não aceita a diferença.

O que me faz refletir, as mudanças existem, mas como são lentas, 60 anos passados e o preconceito contra as minorias sempre explode na mídia , ou mesmo em uma conversa de bar com o tom não muito diferente do tempo passado.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Critica a razão construída através do conhecimento.

Título pomposo este, não? Mas apesar disto não se influencie, este não prova que sei das coisas. Aliás, eu mesma o questiono; por ser incerto é uma afronta.

Tolo aquele que acredita que tudo o que adquiriu lendo é a verdade e esta é sua. Prefiro verdades inventadas baseadas no meu restrito mundo a comprar verdades que não foram racionalizadas por mim. Gosto de quem inventa teorias pessoais, baseadas em observações únicas, gente que como eu vive o presente.

Sim, você pode ler um livro e a partir deste criar, mas se não houver esse momento entre a leitura e absorção, você apenas tem boa memória. Os melhores pensamentos são construídos por perguntas, afinal você acredita mesmo que existe uma verdade só?
A verdade não existe, por ser construída através de projeções pessoais e estas serem diversas e únicas, por que se preocupar tanto com esta? Por que não posso inventar as minhas?

Então o sujeito lê isto tudo e diz “ Está tudo errado, pois Nietzsche que...” Nietzsche disse e você? O que você acredita? O que você construiu sozinho?

11/10/2010

A madeira do armário está fria, a sinto daqui, também percebo o espaço exato do meu quarto e as quinas dos quatro cantos que o compõe, respiro e toda essa percepção externa reflete dentro de mim, sinto o cheiro da madeira e meus ouvidos mais aguçados ouvem a rua, os dias de feriado são assim, muita gente saiu da cidade e quem ficou acalmou a mente.

Posso sentir tudo, meu cérebro não se prende mais a certos assuntos e isso me traz aos espaços reais, estava presa a abstrações de realidade, simplificando: problemas; não os resolvi, mas pelo menos hoje com todo o ócio desapeguei sem pretensão de abraçá-los tão cedo.

Notei o mundo;  de todos os elementos inanimados da casa os mais vivos são as madeiras, posso senti-las sem toca-las, posso imaginar também como é sentir o concreto, as paredes não contam tantas histórias como essas madeiras. O está céu nublado cinza com um toque de azul cobalto, lembrei do mar.

11/10/2010 – Um dia inanimado, cinza, frio e com uma característica peculiar, silencioso.

Estou tão gelada quanto o dia, o calor do corpo nunca consegue aquecer minhas mãos de dedos longos. Psiquicamente completa, seja lá o que isso quer dizer.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O otimista vê perspectivas e não defeitos.

Em uma parceria entre Devaneio e Big Bag of Dreams
 
 Otimismo Devaneio

Egos inflados se tornam poesia.

Angustia é cor na tela de Van Gogh.

Culpa cúmplice do bom senso.

Raiva impulsiona a sair do lugar comum.

Desleixo vira desapego.

Tristeza é complementar a alegria. Simbiose.

Sofrimento é aprendizado.

Solidão é pensar diferente.





Otimismo Big Bag of Dreams 

O que bagunça, arruma.

Problemas são mapas do tesouro, basta querer brincar.

Despero é o intervalo de tempo entre você achar que perdeu o chão e você ver que já tem asas.

Preocupação é estar no mesmo degrau do problema, subindo mais alguns tudo se resolve.

Insegurança é só uma amnésia temporária.

O silêncio não é apertado, você cabe inteiro dentro dele, sem deixar de fora nenhuma parte.

A alegria e a tristeza estão no mesmo caleidoscópio.

Não existe mau humor, você que está ouvindo a música errada.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Esmero

Dona Esmera


Tô qui num quero,  tô qui num caibo sei que é esmero mas este num largo.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Narrações

Gostaria de associar junto dos posts gravações do Gengibre, porém, nem por lá nem por cá facilitam minha vida para ter essa associação.

Para os curiosos, é só acessar o link:  http://www.gengibre.com.br/polZZA

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Sorte no amor.


No início acreditava que tinha muita sorte, havia encontrado em alguém todas suas expectativas. Quando comentavam “Como vocês são perfeitos!” dizia que havia caído no acaso e encontrado o que esperava em alguém. Sorte, apenas isto.

Não posso dizer que não foi sorte, pois foi, mas dizer que suas idealizações haviam se tornado reais é um pensamento falho. Na verdade não se apaixonou pelas expectativas, mas pelo outro, sim, a pessoa ideal; aí entrou sua sorte.

A paixão a mil confunde, funde o que é real e fantasia, sem percepção vivia um sonho. Sonhos são diferentes do real, nestes colocamos os desejos, implícitos pela sociedade e também os pessoais; príncipe do cavalo branco que vai me salvar, pessoais: desejo de um homem forte ou de um homem sensível.

Dez anos juntos não há mais confusão de expectativas, um dia existiram, mesmo em um amor real existem, mas já se foram, não é a paixão que vai embora, são as expectativas. O que sobra? O outro inteiro, sem você, sozinho, isto com certeza é sua melhor parte: o indivíduo.

Dez anos, ainda sente os detalhes que de longe lhe tocavam a pele, ainda tocam. O que mudou foi à pessoa, de um devaneio virou ser humano, coisa mais linda gostar de gente e não de sonhos.

Ilustração: Paola Perazza

domingo, 5 de setembro de 2010

Mais do mesmo.

Um pouco de tudo que já foi dito pelos quatro cantos...

Desejo não se cria, mas pode ser transferido, com prazer.
Desejo é seu não do outro, você o realiza da forma prática, seja colocando toda essa força em um texto, um desenho, uma dança, se acariciando ou em alguém; não necessariamente aquele que lhe causou desejo. Não é da terra, nem do homem, nem de Deus.

Desejo é sempre transformado, transportado, sempre que preciso aliviado.

Quando preso deixa de ser, vira larva, bicho ruim que come a carne, quando assim não é desejo, é masoquismo com o corpo com a mente, mentira.

Condicionamento louco este de desejar o que não é nosso, o desejo do outro.

Se isto é impossível o que se pode ter? O indefinível que é o amor, o definível que é o prazer.

L´Enfant Terrible 

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Em defesa da preguiça


 Idéias, idéias ,idéias passeiam por minha cabeça de uma idéia ramificam vinte outras novas, criam raízes em grandes labirintos. É bom que eu tenha mais e mais, o empecilho é dar conta de todas. As idéias são o matrimônio que a sociedade aceita por serem financeiramente rentáveis.

Em outra margem, reservada, cultuo outra paixão necessária, a preguiça improdutiva. O ócio do corpo e da mente. A vagabundagem do espírito.

Minha paixão social, todos já sabem, a produção: sou a que trabalha, desenha, cria, escreve, corre atrás. Mas a preguiça, a deliciosa preguiça, quando declarada como paixão tem sempre alguém para dizer “Mas por que você não produz?Por que está aí sem fazer nada?”  respondo “ Não, não quero; quero ficar mais um bucadinho assim olhando pro nada, coçando e roçando, amando como Macunaíma” . Ninguém nos estimula para o nada, ninguém entende o amor pela preguiça.

Recentemente li um artigo afirmando que preguiça é doença. De acordo com o texto, doenças como obesidade, doenças do coração e diabetes são causadas pela preguiça. Se o portador da doença fosse menos preguiçoso não morreria ou nem chegaria a sofrer do mal,  é preciso tratamento para isto.

Levem-me ao doutor, pois estou sofrendo de um mal terrível, sou preguiçosa!

Brincadeiras a parte, todo excesso é prejudicial, dizem que até excesso de água.

Por outro lado,  tenho um pouco de medo de gente que não respeita o ócio, medo dessa gente que não se deixa flutuar sabe?  De nada adianta ter mil idéias com a cabeça tão suja que não cabem mais e nem se desenvolvem. Digamos que o ócio é a logística das idéias, natural, sem esforço, as põe para ninar, as coloca em caixinhas que se transformam em soluções. Quando dizem tempo é dinheiro penso “O que adiantam idéias sem soluções? Rapidez sem eficiência?” Por que não aproveitar algo tão útil e natural quanto o ócio e o lazer?

Eu trabalho com imagens por exemplo e em uma semana sozinha, longe das obrigações, vejo melhor as coisas, no sentido literal. Ficam mais claras as cores, as texturas,  o mundo fica mais nítido.

Nosso cérebro é como uma fabriqueta, você tem uma grande idéia e não adianta, tem que parar e a deixar lá dentro, maturando, fermentando como um vinho em seu tonel. E assim ficam robustas, complexas, coloridas e ricas. A partir disso você descobre que sua idéia quadrada pode se transformar em azul ou que sua idéia losango pode se transformar em penugem de ganso.

Esse tonel em que colocamos as idéias é o ócio. Magnífico! Um viva ao ócio!