sábado, 14 de janeiro de 2012

A moda é reflexo do momento social presente.


Seminua

A tendência de moda “seminua” começou em 2008, 2009 mais ou menos, a Europa passou e atualmente ainda passa por verões muito mais quentes que o comum, então marcas tradicionais como a Chanel diminuíram os comprimentos, focados em lucrar com a nova necessidade de mercado; nós elite brasileira os copiamos, o que denota um paradoxo, já que nosso país sempre teve temperaturas muito mais altas que as europeias. Nos estados brasileiros mais quentes é comum vestir pouca roupa, o que é confortável e condizente ao clima, porém, como nossa moda é extremamente elitizada e quem é da elite costuma só enxergar seu microambiente perguntam: “Por que as mulheres estão cada vez mais peladas?” sem se dar conta que a maioria das mulheres brasileiras antes da Chanel lançar micro comprimentos já os usava. Em cidades como São Paulo, usar mini shorts não era tão comum como é agora, mesmo nos verões mais quentes. Somos o estado mais plagiador de costumes estrangeiros, se lá não era tendência, logo aqui era ”proibido”. 

Vestido Bandage
 Volto o foco na elite, o comprimento das roupas não só diminuiu como também está mais colado a pele, o vestido que mais faz sucesso nas baladas é o modelo Bandage, criação de Herve Leger's tendência em alta há alguns anos com milhares de cópias. Como podem ver na foto é praticamente succionado o reflexo do presente momento de extremo culto ao corpo, moldado por cirurgias e academias em busca de um corpo que custa fisicamente, psicologicamente e financeiramente caro. Enquanto Maria Antonieta se diferenciava da plebe criando vestidos e adornos inacessíveis, a elite atual se diferencia exibindo corpos esculturais, sendo este  um dos motivos do vestido Bandage fazer tanto sucesso nos red carpets usados por representantes da “nova aristocracia”,  as celebridades.  E como conseqüência  natural do fluxo da moda, o que é sucesso nas baladas freqüentadas pela burguesia, chega nas classes mais baixas de forma desatualizada.


Transparência
Dando continuidade a essa pegada seminua, as rendas e transparências agora são o novo hit fashion. Blusas de renda usadas com lingerie amostra, blusa branca com sutiã preto, saias transparentes, etc.






Androginia

Calça saruel

Em paralelo a volta da androginia, que é marcada por peças masculinas como o sapato oxford e peças soltas que não marcam o corpo como por exemplo a calça saruel.  Apesar da moda seminua atual ser permeada por diversas razões já citadas equiparo-a  tendência andrógina,  mesmo sendo esteticamente opostas. Ambas representam o diálogo da liberdade feminina.



Ombreiras largas, anos 80
Visual masculino atual
 A partir do ingresso da mulher no mercado de trabalho na década de 40, essa passou a se apropriar de elementos do guarda roupa masculino em busca de igualdade. Por exemplo, o tailleur e a adoção de calças; já nos anos 80 a mulher conquista melhores cargos e novamente masculiniza seu guarda roupa, adicionando largas ombreiras.  Não vejo a atual androginia como busca de masculinidade, mas de igualdade, por diversas razões e uma delas é o fato dessas roupas sempre serem largas, “desacinturadas”.

Tailleur, anos 40


 Dizer que a androginia representa a mesma liberdade que o seminudismo, é esteticamente contraditória, porém ideologicamente igualitária por seu objetivo em comum a liberdade, enquanto o seminudismo representa a libertação sexual, a androginia representa a negação de ser apenas um objeto sexual. É interessante observar  que existe um diálogo subjetivo entre essas duas tendências.