segunda-feira, 26 de julho de 2010

Gislaine e Maria

Vou contar o que sei da história de Gislane e Maria, eram melhores amigas, as duas tinham 7 anos de empresa, saiam juntas, dormiam uma na casa da outra, iam pra balada, trocavam confidências.

Havia uma funcionária antes de você chamada Clarissa, que estava tendo uns problemas no RH, queria, mas não conseguia registrar seu cartão de ponto, o RH sempre enrolava a funcionária, deixando para depois. E por isso Clarissa não recebia suas horas extras.

Gislane sabia do problema de Clarissa e por não gostar da menina, ria dela, tirava sarro pros outros. A fofoca do momento! No café só se falava disso, Gislaine dizia “ Você viu que a tonta lá não consegue nem liberar o cartão do ponto? É muito burra não é?” E assim sociabilizava, fazia amizades, tinha assunto. Todo mundo ia a sua sala para saber como que estava à história do cartão do ponto, da pata, como haviam apelidado a vítima.

Maria era ética e gostava da estagiária, não se envolveu no burburinho e nem recriminou a melhor amiga por toda aquela fofoca, não quis se meter. Gislaine achava estranha a indiferença. Quando ia pra copa fazer suas fofocas percebia que Maria ficava quieta e dava uma desculpa pra sair de fininho. Ficou incomodada com seu silêncio, um dia então resolveu perguntar diretamente para Maria o que ela achava de tudo aquilo; da pata atrapalhada; já iniciou a pergunta tirando sarro da tonta e rindo! Maria pensou, pensou, cautelosa disse sua opinião, de forma clara, voz calma, disse que achava que Clarissa estava certa e o RH errado e que tinha até ligado para a responsável para ajudar a menina, já que tinha mais tempo de empresa e influência.

Gislaine ficou incomodada disse “Então você vai defender ela? E não ficar do nosso lado?”. “Nosso” como se Maria tivesse que pensar como ela só por serem amigas, Maria disse que o RH estava sendo injusto, Clarissa não ganhava hora extra enquanto todos ganhavam e não concordava com isto.

Com o tempo Gislaine se afastou friamente de Maria e desde então não são mais amigas, tudo mudou, não se dão mais carona, não saem depois do trabalho, não dormem mais uma na casa da outra.

E eu, o que acho mesmo de tudo isso? Que Gislaine terminou a amizade não pelo fato da amiga não ter ficado do lado dela, não foi pelo silêncio de Maria e nem por ela ter ajudado Clarissa.

Gislaine se incomodou com a verdade, se incomodou com ela mesma, Maria ao ser ética e imparcial mostrou sutilmente a amiga que a maldade pela maldade não tinha senso, que ajudar Clarissa ao invés de rir tinha mais sentido. Fez Gislaine se confrontar com seus monstros e isso que doeu, olhar para dentro e perceber que estava errada. Não dessa forma racional que descrevi, pois se Gislaine percebesse isso racionalmente nunca teria começado as fofocas, em sua balança de interesses era melhor ter assunto com os colegas e ser sempre procurada por todos do que perceber o outro. Pensando sobre o caso em casa encontrava mil motivos para achar Clarissa uma pata, justificativas não faltavam em sua cabeça, pensou muito, não dormiu naquela noite, obsessiva precisava justificar para si o que tinha feito, precisava, pois no fundo sabia que estava errada.

E hoje Maria já esqueceu Gislaine não confia mais e depois de tanto tempo um ano passado, Gislaine sente falta da amiga e agrada sempre que pode.

Se Gislaine sente culpa por ter falado mal de Clarissa eu não sei, se percebeu que fez isto como escolha errada também não. Mas que sente falta da amiga sente, acredita que não precisava ter sido tão dura em um momento de discórdia.

Ética na visão do inconsciente.


Em uma vila na Europa, viviam os Lepattore, Pai, mãe, e filhos, muitos filhos, a casa era uma construção antiga de pedras, chão, paredes, móveis, tudo velho.
Estavam todos escondidos no sótão, Yolanda matrona, abraçava os filhos temendo pelo pior. Chukibits estavam na cidade, em plena inquisão alienígena.
Entre as possibilidades, se entregar ao inimigo ou um tipo de acordo com corruptos que prometiam liberdade fácil. Os pais escolheram pelos filhos, no medo, na sombra, no terror, no desespero e se corromperam. O acordo era o seguinte; por um certo valor os corruptos diriam um caminho de fuga, entregariam os equipamentos e fariam escolta. A família estaria suja! Mas salva!
Não posso falar por minha família, eu não estava mais os vendo. Tinham nos divido em duplas, Era só eu e minha irmã mais nova Isabella. Não sabia que havia um acordo, que tinham regras, a mãe e o pai nos disseram que um amigo deles ia nos ajudar, não mencionaram corrupção, era só passar por um túnel e tudo ficaria bem. Mas não foi bem assim, chegando no escuro, vimos Chukibits e eu logo entendi o que estava acontecendo, eles eram os corruptos que nos salvariam.
Vestimos as roupas de mergulho, câmeras de ar e água atrás de portas de aço, em paredes de vidro, pelas portas uma a uma, água e ar não tinham começo nem fim, ora se respirava ar e ora não era possível respirar, passávamos pelos dois elementos de modo que não sentíamos a densidade da água, tinha a mesma leveza do ar. Quando chegamos na última os Chukibits se foram, dizendo que aquela era a porta da liberdade.
Acionei um botão e se abriu. Mentira! Mentiram!
A verdade era; se quiséssemos sobreviver teríamos que passar por provações. Fiquei todo o tempo de mãos dadas com a irmã, usamos para a travessia capas marrons com capuzes tão grandes, que só nos permitia visão linear. O lugar não era nesse mundo, tinha um caminho de terra e tudo em volta era nada, tudo era marrom, ocre, laranja sujo e vermelho amarronzado cores do sol, da lava e da terra. Não tinha horizonte, era uma paisagem sem linhas, só cores e o caminho, o que predominava era escuridão. Dois encapuzados passavam ao nosso lado, um pouco distante de nós, o de capa branca e o de capa preta. Neste momento árvores baixas com textura de papel crepom formaram um pequeno bosque. Olhar para o rosto do monge de capa preta significava sucumbir e olhar para o capa branca este poderia te dar uma pista da saída. Mas eles andavam quase em paralelo, quando o capa preta aumentava o passo o outro diminuía e alternavam assim. O risco de olhar para a pista errada era muito grande.
Vi um de seus olhos, era grande duas vezes maior que o olho humano, cor verde amarelado, sua pele era cor de pus. Vi seu olho por só um segundo, não vi o rosto, deu tempo de me virar, mas já havia cometido o erro! Minha irmã também o vira. E esta era a primeira provação. A pergunta era simples, tínhamos que escolher entre duas palavras,escritas em um papel EACH ou NECK. Optei por each e minha irmã escolheu neck. Depois de ouvir nossa resposta, ele ficou na frente da irmã, eu não via seus rostos por conta do capuz, mas ouvi a conversa. “Sua estúpida, sua mãe está sem comer a 7 dias e você escolhe que ela tenha roupas ao invés de alimento!”. E tivemos essa visão, de nossa mãe maltrapilha como uma mendiga suja, vestida com trapos pedindo comida aos transeuntes.
Minha irmã havia sido reprovada, pois neck representava colarinho remetendo a roupa e each tem o mesmo som de eat, que é comer em inglês.
Depois, não vimos mais o capa branca, só passavam capas pretas, e minha irmã olhou mais uma vez para o rosto de outro Junyz
Mudou a paisagem, agora teríamos que passar por uma ponte, feita de madeira com cordas como corrimão e um rio de lava abaixo, e esse momento foi muito importante para mim, me sentia forte, protegida, falava coisas bonitas para irmã, para ela não cair mais nas tentações, que devia se inspirar nos justos e nos bons, em Jesus, Buda, Gandhi, eu estava serena, sem medo, forte, uma força que nunca tinha sentido. Sabia que os Chukibits não podiam me fazer mal, que eu era maior que eles.
Mas mesmo tentando inspirar minha Irmã ela ainda olhou para outro Junyz. Ao todo foram 3 e ela foi reprovada em todas as provações.
Bom, chegamos no final do caminho, estávamos novamente com a roupa de mergulho, encontramos os Chukibits, eles disseram que poderíamos voltar a superfície, estávamos salvas! Encontrei meu irmão, e nós três fizemos a travessia, chegando lá, descobrimos que havíamos sido enganados, o final da travessia era o alto mar, sozinhos, sem barco sem nada no meio do alto mar, entregues para a morte. Foi quando tive a última e esclarecedora visão, a foto do pai na revista Forbes, como o homem mais bem sucedido do ano. Foi o único da família que se salvou. As provações eram um teste para saber quem não servia para os Chukibits, quem não servia para o mundo de corrupção e maldades. Nós não servíamos.
Apesar de estar comigo em alto mar do mesmo modo que a mãe tinha virado uma mendiga, a irmã virou uma gata. E a gata é boa, tem uma luz cor lilás com um plasma branco em volta.


domingo, 25 de julho de 2010

Ciclo de Paola

Aviso: Esse texto contém brutalidade e imposição em uma tentativa de comunicação com os que dormem.

Cacete! Quem sou eu? É muita coisa! Tem coisas que escrevi e nem sei de onde veio quem era aquela? Preciso encontrá-la.
Repito-me, são backwards intensos.
Busco-me, encontro. Compartilho me perco. Volto à introspecção, compartilho novamente. Repito-me, retorno, ouço novamente, corrijo, esqueço. Erro, pergunto. Respondo, fico sem resposta, questiono até a pele sair. É como uma coceira!
Mudo de idéia sem vergonha. Sou um rascunho, mas nunca uma conclusão. Conclusões são imposições sobre as idéias. Sobre as minhas idéias pelo menos.
O que mais há a ser descoberto?
Narcisista que sou de tanto me conhecer. Isso incomoda o outro sem nenhum rascunho de resposta para a pergunta “quem sou eu?”.
Mas não me basto nunca! Nunca! Quem não se conhece pensa que o ser profundo se sente auto suficiente, é um arrogante que não precisa dos outros, este, sente inveja de sua introspecção, quem busca auto conhecimento sabe que precisa muito do coletivo para somar e que só depois de se encontrar é possível ser pleno em sociedade.
Não se pode confundir auto suficiência com se sentir bem consigo mesmo. (Ironia redundante e contraditória do jeito que gosto!)
Se amar na solidão, se entender no silêncio faz um indivíduo melhor para o mundo e não um egocêntrico a mais. “Estou sozinho”, isso pode ser a melhor coisa do mundo!
Existem ironias como esta, a vida é cheia de contradições e ironias, as pessoas mais interessantes são justamente as que pegam esse espírito da ironia e se mantém fiéis com seus contrapontos se tornam assim surpreendentes, inesperadas, irresistíveis!
Somos todos miméticos, começamos a vida sem identidade e então nas primeiras décadas (ou até as últimas, dependendo do nível de profundidade) repetimos padrões dos nossos exemplos, figura paterna, materna, se você não se buscar vai sempre ser uma cópia da cópia. Pastiche mal acabado. Sem nem perceber que só está namorando aquele carinha que denigre e abusa moralmente das mulheres pois seu pai é assim. Sem se tocar que quando precisa se impor, perde o prumo, como sua mãe faz. Condicionamentos psicológicos que podem transformar um ser humano em uma ameba que se reproduz para criar mais seres tão sem sentido quanto ele próprio.
Você realmente quer ser alguém? Então seja você mesmo se ame se adore, sem nenhuma idolatria boba, mas sim se conhecendo! A maioria de nós tem algo incrível dentro de si, lidar com isso com naturalidade contagia alegria! Você faz bem pra si e pro outro. Essa é a revolução que Gandhi dizia “Seja a mudança que você quer para o mundo”. Pare de reclamar do outro, puta hipocrisia que eu vejo por aí, falar mal de você não pode né bonito? Te criticar não pode né xuxuzinho? Isso te deixa puto né? Mas por que você vai a uma festa só para falar mal dos outros?

“Seja a mudança que você quer para o mundo”.

Também não gosta que sejam falsos com você né? De gente que finge que gosta de você “puta falsão!!!” né? Mas você realmente disse que gostou do presente aquele dia por que estava feliz ? Ou tava só fazendo média? Precisava mesmo de tanta cena? E se fosse com você? Serve a pele do outro nessas horas?

“Seja a mudança que você quer para o mundo”.

Quando você chega em um novo ambiente ou conhece uma nova pessoa, repare você parte do principio "desconfiar antes de confiar" ou "confiar e conhecer"? Porque? Porque isso faz uma puta diferença! Desconfiar antes de confiar é subestimar! Perguntinha básica: você gosta que desconfiem de você?

“Seja a mudança que você quer para o mundo”.
Gente pra fazer discursos prontos de bondade tem um monte! Agora gente que faz o que diz, desculpa mas eu conheço 5.
Ser consciente é ser verdadeiro consigo mesmo e com os outros como consequência.
Buscar um sentido em si e não na vida! E se não achar nenhum sentido em si, talvez esse seja o começo do sentido; como eu já disse, entender as ironias da vida e aceita-las é básico para iniciar o exercício de auto conhecimento; a falta de sentido em si próprio é sinal de que mudanças são bem vindas, que você sempre está crescendo e mudando, sempre está perdendo o sentido para se encontrar novamente, é perder para se reencontrar!
Sem conclusões, pois como já disse, conclusões são as prisões das idéias, e eu mudo, mudo sempre de opinião, essa é a única certeza que tenho.

sábado, 24 de julho de 2010

Tarot


Seu Arcano Pessoal é:


11 - A FORÇA

(Rider Tarot: A Justiça)

Palavras-Chave: Auto-Controle e Vontade Dirigida



Aprendizado aos 11 anos de idade: um fato que marca o psicológico;
Vontade imperativa, objetivismo e energia;
Inteligência sobre os instintos;
Inquietação mental e curiosidade por tudo;
Magnetismo pessoal;
A sexualidade é forte e atuante;
Cuidado com as explosões de temperamento;
A impulsividade é inimiga do seu sucesso;
Determinação para chegar onde quer;
Vontade de manter controle absoluto sobre o que ocorre em sua vida;
Sinceridade e franqueza;
Luta contra o EGO ;
Detesta ser dirigido(a) ou liderado(a);
Disposição física e coragem;
Testes na vida quanto à sua tolerância;
Não seja tão perfeccionista consigo mesmo;
Empenho em querer dar o melhor de si;
Expectativas permanentes quanto ao trabalho;
Cuidado com a competitividade;
Não faça de sua vida um "cabo-de-guerra";
Desafios emocionais;
Auto-cobrança;
Habilidade com atividades de raciocínio rápido;
Não gosta de estar preso à regras ou dogmas;
Luta contra o poder e monopólio (domínio);
Desejo de fazer algo grandioso;
Cuidado com a ansiedade;
Não tente resultados a curto prazo;
Administrar o que tem sabiamente;
Cuidado com a área neuro-muscular, gônadas, taxa de glicose, vida estressante;
Atividades como Yoga e Tai Chi são indicadas;
Não se esquente com problemas que venham da família;
Trabalhe sua teimosia;
Crescimento pessoal que surge através da focalização das metas;
Quer viver coisas novas;
Crie novas oportunidades para si todas as horas;
Não cobre de seu parceiro o que ele não pode dar (ou de quem vc convive);
Evite disputas;
Trabalhe colaborando;
Não desperdice as chances que lhe são dadas.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Mudos no metrô.


No metrô minha voz não sai. Reparei que a de muitas pessoas também não.


O metrô é um ambiente mudo. Do indivíduo em sua ilha. Estamos ali todos juntos e todos sozinhos, mudos. Me descobri muda no metrô e percebi que tenho meus iguais.


A rotina nos transforma em seres ausentes dos espaços coletivos, muitos lêem livros ou ouvem músicas, o que faz o momento da viagem mais interior.


Para quem está acompanhado ou para quem nunca realiza aquele percurso, é diferente, mas os sozinhos que vivem a rotina não têm voz.


Novas formas de comunicação surgem, a movimentação do corpo para delimitar espaço; muito necessário nessa situação; as caretas se alguém estiver trancando a porta, o sorriso de gentileza quando você se levanta para alguém sentar. Olhares se encontram o tempo todo. Todos estão quietos, mas todos se falam. Se diz sim, se diz não, se diz tudo com o olhar, com o corpo. As palavras só são usadas em último caso para os surdos, não os surdos de audição, mas os surdos da sensibilidade. Dificilmente preciso dizer “vou descer, com licença”, geralmente o digo quando o outro está de costas e não pode “ouvir” meu gestual. No geral, não é por falta de palavras, que não se comunica no metrô. Ali impera a lei do silêncio, mas como ficamos parados, frente a frente por um certo tempo, é preciso comunicar, é impossível entrar no vagão e não reparar em pelo menos cinco pessoas, por mais insociável que você seja. É o lugar de comunicação em massa não-verbal mais interessante que conheço. Nos vagões as multidões são silenciosas, não em absoluto, mas comparado aos outros tipos de multidões como em um estádio, um show, uma manifestação ou uma festa.


O único momento de sons é quando as plataformas estão muito cheias e a balburdia se torna evidente, mas não é comunicação de individuo para individuo, é o “eu” que fala para a massa, gritos, brincadeiras, os muleques mais novos se divertem, pois podem berrar, brincar; são como sons da floresta; não necessariamente palavras, mas gritinhos. Essa situação é difícil de ser descrita, mas caso queira experimentar, sugiro estação Barra Funda as 18:30 horas e estação Sé as 18:00.


Para todas as outras situações descritas é só entrar no vagão e inevitavelmente se comunicar, sem palavras.

Excentricidade por Fiódor Dostoievski


Comentário resposta para o post “Exêntricidade”

http://bigbagofdreams.blogspot.com/2010/07/excentricidade.html

da minha amiga Gabi.

“Uma coisa é de crer, fica bastante evidente: trata-se de um homem estranho, de um excêntrico até. No entanto, a estranheza e a excentricidade mais prejudicam do que permitem chamar a atenção, sobretudo quando todo mundo procura unir particularidades e encontrar ao menos algum sentido comum na balbúrdia geral. Quanto ao excêntrico, o mais das vezes é uma particularidade, um caso isolado. Não é?

Mas se os senhores não concordarem com essa última tese e responderem: “Não é assim” ou “não é sempre assim”, é possível que eu até crie ânimo em relação à importância de meu herói Aliesksiêi Fiódorovitch. Porque não só o excêntrico “nem sempre” é uma particularidade e um caso isolado, como ao contrário, vez por outra acontece de ser justo ele, talvez, que traz em si a medula do todo, enquanto os demais viventes de sua época – todos, movidos por algum vento estranho, dele estão temporariamente afastados sabe-se lá por que razão.”


Aqui o autor descreve a excentricidade da personagem:


“Na infância e na juventude era pouco expansivo e até de poucas palavras, mas não por desconfiança nem por timidez ou soturna insociabilidade, e sim até bem pelo contrário, por outro motivo qualquer, por alguma preocupação como que interior, especificamente pessoal, que não dizia respeito aos outros, mas era tão importante para ele que o fazia como que esquecer do resto. Mas amava os homens: parecia ter vivido a vida inteira acreditando plenamente neles, e entretanto nunca ninguém o considerava nem simplório, nem ingênuo. Nele havia qualquer coisa que dizia e infundia (aliás, foi assim pelo resto da vida) que ele não queria ser juiz dos homens, que não queria assumir sua condenação, embora tomado amiúde de uma tristeza muito amarga. Nesse sentido, chegou mesmo a tal ponto que ninguém poderia surpreendê-lo nem assustá-lo, e isso acontecera até em sua mais tenra juventude.”


Fiódor Dostoievski .


( Os Irmãos Karamazov)


A descrição de Aliesksiêi Fiódorovitch me faz tomar como minha própria descrição esta. Como que pode um livro escrito em 1880 descrever uma pessoa nascida em 1984 nos mínimos detalhes? Eu sei, é só uma personagem, mas foi uma grata coincidência!

Dor na garganta.


Esse texto teve inspiração em dois filmes “Preciosa” e “A fita branca”.

Dor na garganta.

Assisti ao filme Preciosa; tocante e violento. O filme ficou ecoando na minha cabeça. Fui dormir pensando na história de sofrimento da personagem. E quantas histórias como estas não existem perto de nós e em nós, em maior ou menor escala. A violência moral esteve ou está em nossas vidas e quem passa a vida sem sofrer nenhuma violência física por menor que seja, é um grande sortudo.

Nesse momento quase sono, com a imagem da personagem e de todos os símbolos de violência, senti uma dor na garganta, não no centro, mas onde ficam nossos gânglios. Como se alguém me enforcasse.

Aos 10 anos fazia aula de vôlei e sempre treinava com a mesma menina, seu nome era Samanta, mas o apelido Shamu*, era muito mais popular que seu nome.

Ninguém gostava dela, por sua aparência física e seu jeito bruto; alta, forte e desajeitada, muito diferente dos outros para ser aceita. Eu era a única que fazia dupla com ela, não éramos amigas, não tínhamos nada em comum, ela jogava bem, então era assim.

Não lembro exatamente por que, mas um dia eu não quis fazer dupla com ela, e por esse motivo, ela violentamente pegou meu pescoço e quase me enforcou, lembro da cena, do rosto vermelho da raiva dela, que doeu muito e que não chorei. Apesar disso fiz a dupla mesmo assim, não sei se por medo, ou piedade, mas nesse mesmo ano desisti do vôlei.

Eu não lembrava disso, eu escondia de mim, por isso assistir a esse filme foi uma experiência além da história.

O motivo de eu ter associado o filme, da menina obesa a esse fato ocorrido na minha infância, esclareceu duas coisas para mim, por que quando nervosa eu sinto dor no pescoço, e por que eu tenho ojeriza a obesos. Sim, eu tenho preconceito com pessoas acima do peso. O mal que fizeram a Samanta a fez violenta, e sua violência contra mim me fez inconscientemente ter raiva de gordos.

O ciclo do mal completo.

O que me faz também relacionar minha história ao filme “A fita branca”. Que justamente expõe o mal e suas origens. “A fita branca” se passa antes da era nazista Alemã e o filme propõe a discussão da maldade na infância e o que isso pode desenvolver futuramente. No caso, apoio ao nazismo.

Bom, esse é um texto de confissões, absurdamente pessoais que se auto-justifica, pois exemplifica muito bem o ciclo do mal. É necessário termos consciência de que pequenos atos individuais podem fazer grandes estragos. Reveja seus atos diariamente com o simples conceito: “Isto faz mal a mim? Faz mal ao outro?” Se sua resposta for, “Não faz mal nem a mim nem ao próximo.” Siga, se for o contrário pare. Simples.

E por toda simplicidade afirmo, toda maldade é burra.

* Shamu, nome da orca do Sea World na Disney.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Meu amor.



Meu amor não é meu pai , não precisa me dar sustento. Não é meu objeto é meu alvo. Meu amor não é meu ego.
Eu não amo a expectativa de quem ele possa ser, eu amo quem ele é. Meu amor não é parte de mim, ele é minha extensão. Meu amor não sou eu duplicada ele é um indivíduo, único.

E assim eu o amo mais, por que amo sua liberdade.

Pour mon amour.



Escrito há um ano atrás, rabiscado em um pedaço de papel.