sexta-feira, 16 de julho de 2010

Dor na garganta.


Esse texto teve inspiração em dois filmes “Preciosa” e “A fita branca”.

Dor na garganta.

Assisti ao filme Preciosa; tocante e violento. O filme ficou ecoando na minha cabeça. Fui dormir pensando na história de sofrimento da personagem. E quantas histórias como estas não existem perto de nós e em nós, em maior ou menor escala. A violência moral esteve ou está em nossas vidas e quem passa a vida sem sofrer nenhuma violência física por menor que seja, é um grande sortudo.

Nesse momento quase sono, com a imagem da personagem e de todos os símbolos de violência, senti uma dor na garganta, não no centro, mas onde ficam nossos gânglios. Como se alguém me enforcasse.

Aos 10 anos fazia aula de vôlei e sempre treinava com a mesma menina, seu nome era Samanta, mas o apelido Shamu*, era muito mais popular que seu nome.

Ninguém gostava dela, por sua aparência física e seu jeito bruto; alta, forte e desajeitada, muito diferente dos outros para ser aceita. Eu era a única que fazia dupla com ela, não éramos amigas, não tínhamos nada em comum, ela jogava bem, então era assim.

Não lembro exatamente por que, mas um dia eu não quis fazer dupla com ela, e por esse motivo, ela violentamente pegou meu pescoço e quase me enforcou, lembro da cena, do rosto vermelho da raiva dela, que doeu muito e que não chorei. Apesar disso fiz a dupla mesmo assim, não sei se por medo, ou piedade, mas nesse mesmo ano desisti do vôlei.

Eu não lembrava disso, eu escondia de mim, por isso assistir a esse filme foi uma experiência além da história.

O motivo de eu ter associado o filme, da menina obesa a esse fato ocorrido na minha infância, esclareceu duas coisas para mim, por que quando nervosa eu sinto dor no pescoço, e por que eu tenho ojeriza a obesos. Sim, eu tenho preconceito com pessoas acima do peso. O mal que fizeram a Samanta a fez violenta, e sua violência contra mim me fez inconscientemente ter raiva de gordos.

O ciclo do mal completo.

O que me faz também relacionar minha história ao filme “A fita branca”. Que justamente expõe o mal e suas origens. “A fita branca” se passa antes da era nazista Alemã e o filme propõe a discussão da maldade na infância e o que isso pode desenvolver futuramente. No caso, apoio ao nazismo.

Bom, esse é um texto de confissões, absurdamente pessoais que se auto-justifica, pois exemplifica muito bem o ciclo do mal. É necessário termos consciência de que pequenos atos individuais podem fazer grandes estragos. Reveja seus atos diariamente com o simples conceito: “Isto faz mal a mim? Faz mal ao outro?” Se sua resposta for, “Não faz mal nem a mim nem ao próximo.” Siga, se for o contrário pare. Simples.

E por toda simplicidade afirmo, toda maldade é burra.

* Shamu, nome da orca do Sea World na Disney.

Nenhum comentário:

Postar um comentário