segunda-feira, 26 de julho de 2010

Ética na visão do inconsciente.


Em uma vila na Europa, viviam os Lepattore, Pai, mãe, e filhos, muitos filhos, a casa era uma construção antiga de pedras, chão, paredes, móveis, tudo velho.
Estavam todos escondidos no sótão, Yolanda matrona, abraçava os filhos temendo pelo pior. Chukibits estavam na cidade, em plena inquisão alienígena.
Entre as possibilidades, se entregar ao inimigo ou um tipo de acordo com corruptos que prometiam liberdade fácil. Os pais escolheram pelos filhos, no medo, na sombra, no terror, no desespero e se corromperam. O acordo era o seguinte; por um certo valor os corruptos diriam um caminho de fuga, entregariam os equipamentos e fariam escolta. A família estaria suja! Mas salva!
Não posso falar por minha família, eu não estava mais os vendo. Tinham nos divido em duplas, Era só eu e minha irmã mais nova Isabella. Não sabia que havia um acordo, que tinham regras, a mãe e o pai nos disseram que um amigo deles ia nos ajudar, não mencionaram corrupção, era só passar por um túnel e tudo ficaria bem. Mas não foi bem assim, chegando no escuro, vimos Chukibits e eu logo entendi o que estava acontecendo, eles eram os corruptos que nos salvariam.
Vestimos as roupas de mergulho, câmeras de ar e água atrás de portas de aço, em paredes de vidro, pelas portas uma a uma, água e ar não tinham começo nem fim, ora se respirava ar e ora não era possível respirar, passávamos pelos dois elementos de modo que não sentíamos a densidade da água, tinha a mesma leveza do ar. Quando chegamos na última os Chukibits se foram, dizendo que aquela era a porta da liberdade.
Acionei um botão e se abriu. Mentira! Mentiram!
A verdade era; se quiséssemos sobreviver teríamos que passar por provações. Fiquei todo o tempo de mãos dadas com a irmã, usamos para a travessia capas marrons com capuzes tão grandes, que só nos permitia visão linear. O lugar não era nesse mundo, tinha um caminho de terra e tudo em volta era nada, tudo era marrom, ocre, laranja sujo e vermelho amarronzado cores do sol, da lava e da terra. Não tinha horizonte, era uma paisagem sem linhas, só cores e o caminho, o que predominava era escuridão. Dois encapuzados passavam ao nosso lado, um pouco distante de nós, o de capa branca e o de capa preta. Neste momento árvores baixas com textura de papel crepom formaram um pequeno bosque. Olhar para o rosto do monge de capa preta significava sucumbir e olhar para o capa branca este poderia te dar uma pista da saída. Mas eles andavam quase em paralelo, quando o capa preta aumentava o passo o outro diminuía e alternavam assim. O risco de olhar para a pista errada era muito grande.
Vi um de seus olhos, era grande duas vezes maior que o olho humano, cor verde amarelado, sua pele era cor de pus. Vi seu olho por só um segundo, não vi o rosto, deu tempo de me virar, mas já havia cometido o erro! Minha irmã também o vira. E esta era a primeira provação. A pergunta era simples, tínhamos que escolher entre duas palavras,escritas em um papel EACH ou NECK. Optei por each e minha irmã escolheu neck. Depois de ouvir nossa resposta, ele ficou na frente da irmã, eu não via seus rostos por conta do capuz, mas ouvi a conversa. “Sua estúpida, sua mãe está sem comer a 7 dias e você escolhe que ela tenha roupas ao invés de alimento!”. E tivemos essa visão, de nossa mãe maltrapilha como uma mendiga suja, vestida com trapos pedindo comida aos transeuntes.
Minha irmã havia sido reprovada, pois neck representava colarinho remetendo a roupa e each tem o mesmo som de eat, que é comer em inglês.
Depois, não vimos mais o capa branca, só passavam capas pretas, e minha irmã olhou mais uma vez para o rosto de outro Junyz
Mudou a paisagem, agora teríamos que passar por uma ponte, feita de madeira com cordas como corrimão e um rio de lava abaixo, e esse momento foi muito importante para mim, me sentia forte, protegida, falava coisas bonitas para irmã, para ela não cair mais nas tentações, que devia se inspirar nos justos e nos bons, em Jesus, Buda, Gandhi, eu estava serena, sem medo, forte, uma força que nunca tinha sentido. Sabia que os Chukibits não podiam me fazer mal, que eu era maior que eles.
Mas mesmo tentando inspirar minha Irmã ela ainda olhou para outro Junyz. Ao todo foram 3 e ela foi reprovada em todas as provações.
Bom, chegamos no final do caminho, estávamos novamente com a roupa de mergulho, encontramos os Chukibits, eles disseram que poderíamos voltar a superfície, estávamos salvas! Encontrei meu irmão, e nós três fizemos a travessia, chegando lá, descobrimos que havíamos sido enganados, o final da travessia era o alto mar, sozinhos, sem barco sem nada no meio do alto mar, entregues para a morte. Foi quando tive a última e esclarecedora visão, a foto do pai na revista Forbes, como o homem mais bem sucedido do ano. Foi o único da família que se salvou. As provações eram um teste para saber quem não servia para os Chukibits, quem não servia para o mundo de corrupção e maldades. Nós não servíamos.
Apesar de estar comigo em alto mar do mesmo modo que a mãe tinha virado uma mendiga, a irmã virou uma gata. E a gata é boa, tem uma luz cor lilás com um plasma branco em volta.


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