quinta-feira, 3 de junho de 2010

Particularidades- Experiências Virtuais.


Só se descobre o outro quanto este se permite. E eu adoro desvendar as pessoas, principalmente quando elas não contam suas histórias de forma linear, quando sabem se expressar de maneira espirituosa, me interessa desde os sapatos que escolhe, até as expressões desacompanhadas de palavras, a linguagem não verbal é sempre mais reveladora.


Descobrir alguém virtualmente é tão interessante quanto conhecer aos poucos ao vivo e funciona do mesmo modo, tem que haver paciência, a cada nova informação; que vem acompanhada de julgamentos; tem que esperar por novos sinais antes de atestar um veredicto. É o jogo da tolerância e da espera.


Quase um estudo cientifico, baseado na observação, frases, fotos de perfil, cada particularidade é um pedaço que se expõe, uma parte da história do outro.


Nunca me imaginei conhecendo pessoas pela internet, por que a forma que tinha isto no meu imaginário era muito bruta, direta e invasiva. As poucas experiências que tive na adolescência me fazem recordar do questionário que se faz na primeira conversa, nome, estado civil, que música mais gosta, onde mora se estudou ou estuda o que faz da vida, hobbies, etc. Por não estarem frente a frente, sem nem saber a reação do outro, sem nem senti-lo, já confessa que brigou com o melhor amigo, trai a mulher, que está carente. É muita informação fora do seu tempo, e não tem aquele sabor do mistério, a delícia de ler as entrelinhas (que sempre dizem muito mais do que qualquer discurso).


Mas aí eu entrei no twitter e lá me achei, não preciso falar de nada específico, não preciso revelar nada que não esteja afim e ainda vou desvendando os outros aos poucos. E aos poucos surgiu algo muito inusitado pra mim, amizades com pessoas da internet. E acho que estou aceitando isto tão bem, por que é como uma relação construída na vida real, aos poucos, sem invasão, sem devastação de espaços.


Bom, ou eu que encontrei as pessoas certas por pura sorte, e acabei atraindo o que eu desejava, relações espontâneas ao seu tempo, ou os humanos estão cada vez mais humanos e menos máquinas atrás do computador. Dizer isso em tempos de bulliyng on line parece absurdo, mas até o bulliyng anônimo é mais humano do que “ Oi quer conversar? Eu sou de São Paulo e você? Trabalho como engenheiro, tenho 33 anos e gosto de Blues”. Não é assim na vida real, só na balada, o que faz qualquer conversa tão brochante quanto chat de bate-papo. Aproximações brutas definitivamente não me servem.


E nesse tipo de construção de relação engessada fica muito mais fácil mentir, afinal você tem suas inseguranças com o estranho que está do outro lado da tela; como venho dizendo nesse texto; não leu seus sinais, não sabe com quem está falando, aí na hora que ele te pergunta algo intimo você mente claro, por que seria transparente com o estranho? Enfim, pode até ser que muita gente conheceu pessoas desse modo e deu super certo, mas tô falando da minha experiência e também acho que muita gente há muito tempo antes de mim faça amizades de um modo natural.


Claro que nem todas minhas experiências atuais em desenvolver uma amizade que tinha começado no twitter deram certas, tiveram aquelas conversas do tipo questionário do IBGE. E ainda tiveram tipos que acharam que por lerem o que eu escrevo me conheciam profundamente, até minha descrição sintética recebi; eu que me exponho o tempo todo, é só saber juntar as migalhas em forma de mensagens de 140 caracteres que deixo de mim; não é ele que é gênio com poderes sobrenaturais. Esse até me irritou por sua prepotência, confesso. Não chute a porta, bata antes de entrar.


Mas o que eu acho de legal e diferente de tudo isso é que as várias mídias sociais estão mudando o nosso modo de sermos humanos na máquina, estão nos aproximando e ajudando na comunicação, tornando tudo mais real, permitindo a subjetividade.




Sei lá, tô me sentindo super incluída no mundo Geek por isso, ser nerd não é mais pejorativo como era antigamente, nerd é o novo chique!