quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Sorte no amor.


No início acreditava que tinha muita sorte, havia encontrado em alguém todas suas expectativas. Quando comentavam “Como vocês são perfeitos!” dizia que havia caído no acaso e encontrado o que esperava em alguém. Sorte, apenas isto.

Não posso dizer que não foi sorte, pois foi, mas dizer que suas idealizações haviam se tornado reais é um pensamento falho. Na verdade não se apaixonou pelas expectativas, mas pelo outro, sim, a pessoa ideal; aí entrou sua sorte.

A paixão a mil confunde, funde o que é real e fantasia, sem percepção vivia um sonho. Sonhos são diferentes do real, nestes colocamos os desejos, implícitos pela sociedade e também os pessoais; príncipe do cavalo branco que vai me salvar, pessoais: desejo de um homem forte ou de um homem sensível.

Dez anos juntos não há mais confusão de expectativas, um dia existiram, mesmo em um amor real existem, mas já se foram, não é a paixão que vai embora, são as expectativas. O que sobra? O outro inteiro, sem você, sozinho, isto com certeza é sua melhor parte: o indivíduo.

Dez anos, ainda sente os detalhes que de longe lhe tocavam a pele, ainda tocam. O que mudou foi à pessoa, de um devaneio virou ser humano, coisa mais linda gostar de gente e não de sonhos.

Ilustração: Paola Perazza

Um comentário:

  1. Sorte, sorteio, jogo de azar... amor, desespero, ausência e dissolução. Solução da ilusão, olhos em oclusão. (In)certeza.
    E os detalhes (tão pequenos?) sozinho, indivíduo. A pele distante uma da outra. O país dos sonhos.

    Devaneio. Daydreaming Nation.

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