sábado, 7 de março de 2015

Autenticidade.


 Bebê rinoceronte órfã imitando um cordeirinho. Biologicamente como esse pequeno rinoceronte fomos feitos para o mimetismo, por outro lado o ser humano é o animal com maior capacidade transgressora sobre a própria natureza.

 "Autenticidade é o lugar mais confortável que existe." - Rivaldo Giancotti

Quanto mais seguirmos sem massa crítica mais seremos esmagados e manipulados por interesses de uma minoria detentora do poder. O desejo de pertencer a um grupo e o medo da solidão é comum a todos, problemática é a homogeneização das opiniões. Futebol, memes, festa do Oscar, comoções públicas em sua maioria são drogas distrativas.
Adaptar-se é curvar-se, anulando nossa incrível capacidade de transcender.

"Numa sociedade primitiva o grupo é pequeno; consiste daqueles com que alguém compartilha do sangue e do solo. Com o desenvolvimento crescente da cultura, o grupo amplia-se; consta dos cidadãos de uma polis, dos cidadãos de um grande estado, dos membros de uma igreja. Mesmo o pobre romano sentia orgulho de poder dizer: “civis romanus sum”; Roma e o Império eram sua família, seu lar, seu mundo. Também na sociedade ocidental contemporânea, a união com o grupo é o modo predominante de superar a separação. É uma união em que o ser individual desaparece em ampla escala, em que o alvo é pertencer ao rebanho. Se sou como todos os mais, se não tenho sentimentos ou pensamentos que me façam diferentes, se estou em conformidade com os costumes, idéias, vestes, padrões do grupo, estou salvo; salvei-me da terrível experiência da solidão. Os sistemas ditatoriais utilizam ameaças e terror para levar a essa conformidade; os países democráticos usam a sugestão e a propaganda. Há, na verdade, uma grande diferença entre os dois sistemas. Nas democracias, o não-conformismo é possível e, de fato, não está de modo algum inteiramente ausente; nos sistemas totalitários, só uns poucos e insólitos heróis e mártires podem ser considerados capazes de recusar obediência. Apesar, entretanto, de tal diferença, as sociedades democráticas mostram esmagador grau de conformismo. A razão está no fato de que é preciso haver uma resposta ao anseio de união e, se não houver outro meio melhor, então a união da conformidade no rebanho se torna a predominante. Só se pode compreender a força do medo de ser diferente, do medo de estar que poucos passos fora do rebanho, quando se compreendem as profundidades da necessidade de não ser separado. Ás vezes, esse medo do não-conformismo é racionalizado como temor a perigos reais que podem ameaçar a não-conformista. Mas, na realidade, as pessoas querem conformar-se em grau muito mais alto do que são forçadas a conformar-se, pelo menos nas democracias ocidentais.”

(Erich Fromm - "A arte de amar")

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