quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Mãos


Tenho uma tradição estranha, para medir o quanto conheço alguém penso se lembro ou não de suas mãos, quanto mais detalhes recordo, mais conheço a pessoa. Por que apesar de gostar de mãos, não é uma coisa que reparo tanto, talvez um pouco mais que a maioria, mas é difícil guardar a aparência da mão de um estranho ou de uma amizade de apenas um ano; por mais querida que seja a pessoa.


Mãos mais do que rostos, são minha referência por que rostos são óbvios a gente sempre olha para o rosto, frente a frente em detalhes, agora as mãos são discretas não pedem atenção para si, só se nota a mão de alguém com tempo e intimidade.

Algumas lembro detalhadamente,  dedos,  formato de unha, se é com ou sem cutícula, roída ou não,  a textura, o tamanho da palma, as veias, cicatrizes e até as pintas; a intensidade das lembranças é de acordo com o grau de proximidade.

Mãos também são a lembrança de duas pessoas muito queridas, meu pai e minha mãe, meus dedos e formato de unha são muito parecidos com os de minha mãe e a palma larga me lembra meu pai, penso que quando eles se forem terei sempre esse pedaço para observar, em minhas próprias mãos

5 comentários:

  1. Não quero ser processada pelo exercício ilegal da psicologia de boteco, mas concluo que você deve ter vocação para quiromante, escultora e bailarina oriental. Nem menciono vocação para escritora porque isso está evidente no texto. Beijos, querida!

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  2. Vc lembrou da minha mão mesmo depois de tanto tempo... significa que sou especial .. ebaaaaaaaaaaaa te adoro...

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  3. Muito bem escrito e idéias claras!!! Adorei!!!

    Bjos!!!

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  4. Digamos que é necessário dispensar uma atenção especial para observar mãos. É necessário ter certa intimidade com a pessoa para que possamos nos sentir seguros ao fixar o olhar nas mãos dela. E quem é digno de tal dispensação, certamente tem lugar garantido no coração de quem observa. Acho que é isso.

    Cheguei aqui por intermédio do D'Ugo e gostei das reflexões.

    Até.

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  5. Esse texto é bem de coluna cotidiano da Folha de S.Paulo.
    Uma crônica leve e com um final bem curioso.

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