Nas ruas reparei que mulheres de pouco poder aquisitivo apesar de não terem um corpo ideal de beleza contemporânea se vestem no geral de forma sexy, com calças baixas, barriga a mostra, blusas justas e decotadas.
Moda é comunicação, roupa justa e apertada transmite uma imagem sexy. Mas fato é que a indústria e a mídia de moda não consideram sexy uma “mulher fruta” por exemplo ela é vista como vulgar.
Meu interessante não é analisar a parte fashion da situação, o que me instiga é o comportamental.
Notei que apesar do conhecimento ser superestimado nessa situação específica, este pode deturpar a liberdade visto que as pessoas mais simples sem acesso a cultura de moda parecem se sentir bem com seus corpos, ao ponto de estarem fora do peso e vestirem roupas pensadas pela indústria para o público magro. Por outro lado, a maioria das mulheres com acesso a informação teórica acreditam que estar acima do peso e por exemplo usar uma calça legging branca justa é uma ofensa ao bom gosto, pois de acordo com as regras isso é considerado vulgar e inadequado.
E assim pergunto qual é a verdade? A verdade que a mídia impõe, padrão magro, alto e nórdico? Um ponto interessante: as modelos tudo podem, quem acompanha os desfiles viu que no inverno 2010 os corpos estavam amostra, micros em alta, lingeries aparentes.
Na moda, tudo é permitido dentro do contexto estético da mulher longilínea e jovem, se você não está na idade adequada não pode usar micro, mesmo com as pernas em dia, isso é regra, quem acompanha revistas, blogs e guias sobre o assunto sabe. Do mesmo modo mulheres de pernas muito grossas também não podem usar micros e não é questão estética de feio ou bonito, dentro da regra a mulher Melancia e suas torneadas pernas, não deve usar micros por que seu padrão de corpo é considerado vulgar. Gloria Kalil que me desminta.
A conclusão que chego é que mulheres muito magras podem mostrar livremente seu corpo por esse ser um padrão que não inspira sexo, e mulheres carnudas não devem mostrá-lo. Isso demonstra que o que é condenado não é apenas a roupa inadequada e sim a imagem sexual, o sexo em si.
Vivemos uma era paradoxal, enquanto a maioria dos estilistas escolhem as modelos magras por um motivo: modelos são cabides e como cabides não podem chamar mais atenção que a roupa; muitas campanhas publicitárias tem um enfoque erótico, com as mesmas mulheres de corpo adolescente transformadas em sexy simbols, se esforçando no carão e poses sensuais.
A mídia é o lugar onde a mulher é mais exposta nesse sentido, só que na vida real no geral as pessoas condenam atitudes e vestimentas que inspirem sexo. Sexo vende, todo mundo consome vive e gosta, mas é vulgar, feio, inadequado.
Voltando as moças de baixa renda que não tem vergonha de seus corpos, será que elas não são muito mais desprendidas do seu tipo físico do que a que tem acesso a informação de moda? O que fica para mim dessa reflexão é que mulheres sem informação de moda muitas vezes são mais livres do que as que possuem por estarem presas as regras.
Linha de entendimento interessante. Penso nessa questão do uso das roupas "adequadas" por pessoas "inadequadas" como uma espécie de vingança do consumidor. "Se querem que a gente consuma, vamos consumir! Então produzam!". Uma espécie de faca de dois gumes. Enquanto o estilista cospe no prato que o consome (a mulher comum), essas mulheres, com todas as suas neuras, tem uma existência mais leve, mais tranquila que a das modelos. Justamente porque não têm interesse de alcançar o topo da cadeia. Apenas consomem aquilo que lhes é apresentado como oferta.
ResponderExcluirGostei do texto! Abs!