quarta-feira, 20 de abril de 2011

Não vibro com clichê, nem com a extrema fantasia, gosto do real com um pouco de poesia.

  Leila, 54 anos foi a um programa de televisão contar sua história de amor, com direito a reencontro 30 anos depois do romance.

  No show televisivo,  Leila sentada no sofá da apresentadora loira, contava sua história, enquanto isso o telão mostrava a viagem até a cidade onde o amor da sua vida vivia, tudo acompanhado de muita música popular romântica.
  Quando a TV decide mostrar uma história real, geralmente é para explorar as mazelas ou fantasiar dando o final desejado pelo mainstream. Porém a história de Leila chamou atenção, não por ser diferente de muitas histórias, mas por sua simplicidade e realidade, simples demais para TV, real demais para os padrões.

  Aos 24 anos conheceu Sergio,  motorista de caminhão, ela casada, mãe de quatro filhos. Sem pudor, Leila contou que adorava ir ao motel com o amante e quando se viam soltavam faísca. O romance durou um ano, na época ele dizia que assumiria seus filhos, mas ela achou melhor continuar com o marido, teve medo de se separar, pensou nos filhos, achou que seria melhor se crescessem com o pai. Desistiu desse amor, mas nunca o esqueceu, disse pensar nele todos os dias e que o amor não havia acabado. Com muita calma, contou que o marido sabia do amante e a perdoou, tudo muito comum, mas pouco contado na ficção popular, cinema, novelas.

  Na TV uma história real, simples, de amor, sexo e traição contada com essa naturalidade, sem o enfeite da ficção e sem repressão. A apresentadora não fez perguntas tendenciosas nem Dona Leila parecia culpada. Chegou a dizer que na época se sentia mal, mas atualmente pensava o seguinte, que sua mãe havia imposto muitos moralismos e de tanto moralismo deixou de viver, que moralismo só atrapalha a vida. Simples, lúcida.
  Enquanto assistia, pensava; isso não deve estar dando a menor audiência, muito comum e ao mesmo tempo um tema pouco explorado dessa maneira: “Olha essa é a vida, pessoas traem, perdoam, o mundo não acaba por isso.” A história foi contada como documentário, muita música, imagem de estrada, da vida de Leila, refinado demais para quem gosta do padrão e popular demais para elite.  Nem um pouco clichê. Não era como a realidade do cinema Europeu, real e refinado, nem popular e tendencioso como programa do Ratinho, Gimenez, Fantástico que ao contar histórias reais sempre frisam o preto e branco, o certo e o errado.

  Vibrei com toda aquela realidade, sem enfeite, sem alienação, sem julgamento.

  O desfecho da história? Tão comum quanto seu desenrolar, ao se encontrar com Sergio, este repetiu cinco vezes durante a conversa que não se lembrava de Leila, que não lembrava nada do passado e nem queria lembrar, quando ela disse que não tinha ido lá com esperanças de romance ele disse “ainda bem!” e com gosto. Ela chorou um pouco, mas aceitou a rejeição.  No palco, a apresentadora loira a confortou e deu um beijo em cada um dos olhos. O programa? Hebe.

  Costumo dizer “amor não acaba” a história da Leila põe um adendo na frase: amor não tem que ser correspondido para nunca acabar, mesmo que seja para um só. 

3 comentários:

  1. Olá Paola tbem assisti e concordo com tudo que escreveu, e falando que a história foi envolvida de muita musica, gostei muito da musica que o netinho da Leila cantou em homenagem a ela, porem não consigo me lembrar da letra voce poderia me dizer?
    Acabei cochilando e não vi o final, essa parte que voce disse que o Sérgio aparece dizendo que não se lembra de nada e nem quer lembrar....
    Onde eu poderia rever essa hsitória?
    Bjs e parabens pela colocação.

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  2. Oi! A música que o neto canta é essa Porque Eu Sei Que É Amor dos Titãs http://letras.terra.com.br/titas/1491627/
    Também gostei desse momento, achei bonito um menino de 8 anos dedicar essa música a avó.

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  3. Tem razão. De amor para amor correspondido, há um abismo.

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