Em outra margem, reservada, cultuo outra paixão necessária, a preguiça improdutiva. O ócio do corpo e da mente. A vagabundagem do espírito.
Minha paixão social, todos já sabem, a produção: sou a que trabalha, desenha, cria, escreve, corre atrás. Mas a preguiça, a deliciosa preguiça, quando declarada como paixão tem sempre alguém para dizer “Mas por que você não produz?Por que está aí sem fazer nada?” respondo “ Não, não quero; quero ficar mais um bucadinho assim olhando pro nada, coçando e roçando, amando como Macunaíma” . Ninguém nos estimula para o nada, ninguém entende o amor pela preguiça.
Recentemente li um artigo afirmando que preguiça é doença. De acordo com o texto, doenças como obesidade, doenças do coração e diabetes são causadas pela preguiça. Se o portador da doença fosse menos preguiçoso não morreria ou nem chegaria a sofrer do mal, é preciso tratamento para isto.
Levem-me ao doutor, pois estou sofrendo de um mal terrível, sou preguiçosa!
Brincadeiras a parte, todo excesso é prejudicial, dizem que até excesso de água.
Por outro lado, tenho um pouco de medo de gente que não respeita o ócio, medo dessa gente que não se deixa flutuar sabe? De nada adianta ter mil idéias com a cabeça tão suja que não cabem mais e nem se desenvolvem. Digamos que o ócio é a logística das idéias, natural, sem esforço, as põe para ninar, as coloca em caixinhas que se transformam em soluções. Quando dizem tempo é dinheiro penso “O que adiantam idéias sem soluções? Rapidez sem eficiência?” Por que não aproveitar algo tão útil e natural quanto o ócio e o lazer?
Por outro lado, tenho um pouco de medo de gente que não respeita o ócio, medo dessa gente que não se deixa flutuar sabe? De nada adianta ter mil idéias com a cabeça tão suja que não cabem mais e nem se desenvolvem. Digamos que o ócio é a logística das idéias, natural, sem esforço, as põe para ninar, as coloca em caixinhas que se transformam em soluções. Quando dizem tempo é dinheiro penso “O que adiantam idéias sem soluções? Rapidez sem eficiência?” Por que não aproveitar algo tão útil e natural quanto o ócio e o lazer?
Eu trabalho com imagens por exemplo e em uma semana sozinha, longe das obrigações, vejo melhor as coisas, no sentido literal. Ficam mais claras as cores, as texturas, o mundo fica mais nítido.
Nosso cérebro é como uma fabriqueta, você tem uma grande idéia e não adianta, tem que parar e a deixar lá dentro, maturando, fermentando como um vinho em seu tonel. E assim ficam robustas, complexas, coloridas e ricas. A partir disso você descobre que sua idéia quadrada pode se transformar em azul ou que sua idéia losango pode se transformar em penugem de ganso.
Esse tonel em que colocamos as idéias é o ócio. Magnífico! Um viva ao ócio!