sábado, 15 de maio de 2010

Para quê serve a minha beleza?




Para quê serve a minha beleza?

Tiro a roupa para dormir, me olho no espelho de lingerie e penso “Para quê serve esse corpo?”. Não é uma pergunta onde espero obter respostas simples, preciso de respostas existenciais.

Não sou modelo, não tenho padrão de beleza para ser uma. Eu sou feia? Não sou eu quem pode responder, é o outro. Aí está o ponto.

Olhem o caso da sub celebridade norte americana Heidi Montag a moça que ilustra esse post. Ela era feia antes? Não! Mas se submeteu a várias intervenções cirúrgicas para chegar ao padrão “Barbie americano”.

Sou bonita, e aí? Para quê serve?

A beleza é útil sim, somos amantes da beleza. A beleza encanta, fascina. Serve de contemplação e distração, para o outro, mas para o dono da beleza, essa nunca vai ser tão importante quanto é para seu observador.

E o desejo de alguém que se transforma, como Heidi Montag é se ver tão bela, como o outro a enxerga. Só que aí está a armadilha, por que ela nunca vai sentir o desejo do outro, e é isso que o verdadeiro Narcisista espera, ele não deseja apenas ser amado, sua busca é em sentir o desejo do outro como se fosse seu, o inalcançável.

Por isso existem viciados em cirurgias plásticas, incompreendidos por parentes e pela sociedade, estão em uma procura infinita.

Então, quando percebo que nunca vou sentir o verdadeiro desejo, me pergunto “ Para mim, para quê serve a minha beleza?"










Para pensar, em letras miúdas e polêmicas:

O que uma mulher pode gerar com sua beleza? Filhos e dinheiro.

Respeito, admiração, inteligência, idéias próprias, auto-estima, felicidade, não podem ser adquiridos apenas com a beleza.
Filhos e dinheiro não vão necessariamente trazer" todo o pacote de realização."

Mais motivos que me fazem questionar para quê serve a aparência.

4 comentários:

  1. É, companheira. A beleza está nos olhos de quem vê? Na Grécia, berço e túmulo da democracia, o Belo estava indiscernivelmente ligado ao Bem Comum. Em nossa sociedade, a beleza parece cair na mesma armadilha dos outros objetos: a transfiguração em mercadoria. Daí a psicoplastia que você se refere. Mutilo meu corpo para melhor servi-lo ao ávido olhar que consome. Mas antes de mutilar o corpo, já tive meu olhar mutilado pela sociedade do consumo.

    O que nos leva à conclusão de que esse olhar que "consome" esse "belo", também é um produto. E aí? Bem, aí caímos numa redundância do vazio, e aproximamos a beleza da bizzaria. O mais belo é igualmente o mais feio. Qualquer semelhança com a realidade da constelação globo-roliúde, não é mera coincidência.

    Abraços!

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  2. CLAP CLAP CLAP! Muito bom o seu texto, Pol! Perfeito. Beijos =D

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  3. Essa busca por uma serventia de tudo é exatamente o que torna as coisas "coisas" e nelas é possível por um preço. O preço da beleza. Geralmente acho bonitas as pessoas que sorriem. Mas perceba que na china, vc poderia estar fora dos padrões tanto quanto aqui. Creio que exista a modelo de passarela e a de fotografia justamente porque o produto que elas vendem não é o corpo e sim a imagem, a fotografia. Como na grécia era a estátua, mosaico, o jarro de barro... Mas a beleza pertencia aos deuses e era tão distante de nós mortais quando é hoje.

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  4. Adorei o texto!!! Sempre concordei com isso!!!

    Bjo!!!

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