Seminua
A tendência de moda “seminua” começou em 2008, 2009 mais ou
menos, a Europa passou e atualmente ainda passa por verões muito mais quentes
que o comum, então marcas tradicionais como a Chanel diminuíram os comprimentos,
focados em lucrar com a nova necessidade de mercado; nós elite brasileira os
copiamos, o que denota um paradoxo, já que nosso país sempre teve temperaturas
muito mais altas que as europeias. Nos estados brasileiros mais quentes é comum
vestir pouca roupa, o que é confortável e condizente ao clima, porém, como
nossa moda é extremamente elitizada e quem é da elite costuma só enxergar seu
microambiente perguntam: “Por que as mulheres estão cada vez mais peladas?” sem
se dar conta que a maioria das mulheres brasileiras antes da Chanel lançar
micro comprimentos já os usava. Em cidades como São Paulo, usar mini shorts não
era tão comum como é agora, mesmo nos verões mais quentes. Somos o estado mais
plagiador de costumes estrangeiros, se lá não era tendência, logo aqui era ”proibido”.
Vestido Bandage |
Volto o foco na elite, o comprimento das roupas não só
diminuiu como também está mais colado a pele, o vestido que mais faz sucesso
nas baladas é o modelo Bandage, criação de Herve Leger's tendência em alta há
alguns anos com milhares de cópias. Como podem ver na foto é praticamente
succionado o reflexo do presente momento de extremo culto ao corpo, moldado por
cirurgias e academias em busca de um corpo que custa fisicamente,
psicologicamente e financeiramente caro. Enquanto Maria Antonieta se
diferenciava da plebe criando vestidos e adornos inacessíveis, a elite atual se
diferencia exibindo corpos esculturais, sendo este um dos motivos do vestido Bandage fazer tanto
sucesso nos red carpets usados por representantes da “nova aristocracia”, as celebridades. E como conseqüência natural do fluxo da moda, o que é sucesso nas
baladas freqüentadas pela burguesia, chega nas classes mais baixas de forma
desatualizada.
Transparência |
Dando continuidade a essa pegada seminua, as rendas e
transparências agora são o novo hit fashion. Blusas de renda usadas com lingerie
amostra, blusa branca com sutiã preto, saias transparentes, etc.
Androginia
Calça saruel |
Em paralelo a volta da androginia, que é marcada por peças masculinas como o sapato oxford e peças soltas que não marcam o corpo como por exemplo a calça saruel. Apesar da moda seminua atual ser permeada por diversas razões já citadas equiparo-a tendência andrógina, mesmo sendo esteticamente opostas. Ambas representam o diálogo da liberdade feminina.
Ombreiras largas, anos 80 |
Visual masculino atual |
A partir do ingresso da mulher no mercado de trabalho
na década de 40, essa passou a se apropriar de elementos do guarda roupa masculino
em busca de igualdade. Por exemplo, o tailleur e a adoção de calças; já
nos anos 80 a mulher conquista melhores cargos e novamente masculiniza seu
guarda roupa, adicionando largas ombreiras. Não vejo a atual androginia como busca de
masculinidade, mas de igualdade, por diversas razões e uma delas é o fato
dessas roupas sempre serem largas, “desacinturadas”.
Tailleur, anos 40 |
Dizer que
a androginia representa a mesma liberdade que o seminudismo, é esteticamente contraditória,
porém ideologicamente igualitária por seu objetivo em comum a liberdade,
enquanto o seminudismo representa a libertação sexual, a androginia representa
a negação de ser apenas um objeto sexual. É interessante
observar que existe um diálogo subjetivo
entre essas duas tendências.